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18º Congresso Brasileiro de Sociologia
Resumo: 1527-1

Oral Curta (5 mim) - Somente GT


1527-1

Comunidades Terapêuticas Religiosas, governo de populações e dispositivos de gestão do crime e do criminoso.

Autores:
Pinto, Nalayne1, Machado, Carly1
1 UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2 UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Resumo:
O debate em torno das Comunidades Terapêuticas (CT´s) tem sido amplamente discutido em diversos âmbitos políticos no Brasil nos últimos anos. A existência de "clínicas de recuperação" há mais de 30 anos no país, conduzidas em sua maioria por grupos religiosos, tornou-se gradativamente um problema público quando formalizou-se uma proposta sobre o financiamento estatal destes projetos. Inseridas no âmbito da Política Nacional Anti Drogas (do Ministério da Justiça) a questão das CTs é tratada como um problema de saúde e também um problema de justiça. Sugerimos neste trabalho que a ênfase no problema do "tratamento religioso" da dependência química e a suposta ameaça à laicidade do estado através do financiamento público das CTs ofusca uma outra problemática que caracteriza sua ação: a gestão do crime e da violência nas periferias urbanas fluminenses. A atuação de grupos religiosos no combate ao uso, abuso e dependência de drogas e no governo de populações no Brasil é permanente, e atua a despeito das presenças e ausências da politica estatal formal. Tais projetos configuram portanto, em nossa análise, um programa ampliado de reabilitação social do "bandido" através da intervenção política e religiosa destes grupos enquanto mediadores da vida nas margens do estado. Propomos assim a centralidade analítica das CTs como "problema de justiça" no Brasil, não apenas no que diz respeito ao consumo de drogas ilícitas, mas como parte do dispositivo de gestão do crime no Rio de Janeiro.