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18º Congresso Brasileiro de Sociologia
Resumo: 405-1

Oral Completa


405-1

A teoria vivida (como psicose): subjetivismo e objetivismo na fenomenologia da esquizofrenia

Autores:
Gabriel Peters1, Gabriel Peters 1
1 UFBA - Universidade Federal da Bahia

Resumo:
A relação entre os poderes de ação do indivíduo e os poderes condicionantes da sociedade não constitui apenas uma questão teórica das ciências sociais, mas um problema existencial que se impõe, na prática, a todo ser humano. Com base nessa premissa, o trabalho aplica à dicotomia subjetivismo/objetivismo na teoria social uma tese da psicopatologia fenomenológica, qual seja, a ideia de que algumas formas de doença mental consistem em atitudes intelectuais existencialmente vividas. Assim, enquanto a experiência “normal” mantém um equilíbrio mínimo entre as facetas ativa e passiva do ser “sujeito” (ser sujeito de intervenções que influem no mundo e ser sujeito às influências que o mundo nos impõe), alguns casos de esquizofrenia manifestam desequilíbrios radicais na vivência da relação subjetividade/mundo. No “objetivismo” esquizofrênico, os indivíduos experimentam a si próprios como os “fantoches” das teorias hiperdeterministas, manipulados por forças externas e destituídos de qualquer controle intencional sobre a própria conduta. O “subjetivismo” psicótico envolve, por seu turno, uma inflação delirante do senso subjetivo de controle dos rumos do mundo que leva ao paroxismo as visões “heroicas” e voluntaristas da agência humana. Como parte de um programa de pesquisa em “heurística da insanidade” ou “epistemologia insana”, o trabalho explora, nesse sentido, a relevância da teoria social para a fenomenologia da psicopatologia e vice-versa.