EFEITO PROTETOR DO ÁCIDO ALFA LIPOICO SOBRE LESÃO HEPÁTICA INDUZIDA POR DAPSONA EM MODELO ANIMAL
JONI TETSUO SAKAI 1, SAVIO MONTEIRO DOS SANTOS 1, BRUNO ALEXANDRE QUADROS GOMES1, CAROLINE AZULAY RODRIGUES1, PRICILA RODRIGUES GONÇALVES1, PAULO FERNANDO SANTOS MENDES 1, MARTA CHAGAS MONTEIRO1
1. UFPA - Universidade Federal do Pará
saviomontsan@gmail.com

Dapsona (DDS) é um fármaco que faz parte da poliquimioterapia (PQT) no tratamento da hanseníase, atuando como antimicrobiano. A formação de radicais livres é um efeito do seu principal metabólito, dapsona hidroxilamina (DDS-NOH). Este metabólito está diretamente envolvido nas principais reações adversas observadas no uso contínuo de DDS. O principal órgão envolvido na biotransformação de xenobióticos é o fígado, com capacidade de converter compostos lipossolúveis em hidrossolúveis, mais facilmente eliminados pelo organismo. Porém, devido a sua fisiologia, que envolve a reação com o ferro presente nos hepatócitos, a DDS também se acumula e permanece por mais tempo no tecido. Este mecanismo pode provocar danos no tecido hepático que, contudo, poderá culminar em hepatite medicamentosa. Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito protetor do ácido alfa lipóico (ALA) sobre os danos hepáticos provocados pela DDS em camundongos, em modelo de pós-tratamento. O estudo foi realizado com grupos de camundongos que receberam doses de DDS equivalentes ao utilizado na clínica. Dois destes grupos receberam ALA em concentrações distintas, além da dose prévia de DDS com uma hora de antecedência. O tratamento completo foi realizado em 5 dias e ao final deste período foram coletadas amostras de sangue e fígado para as análises. Neste estudo, o tratamento com a dapsona induziu dano hepático, com aumento do aspartato aminotransferase (AST) e de fosfatase alcalina (FA). Além disso, foi observado aumento do estresse oxidativo, resultante de elevação da peroxidação lipídica, diminuição dos níveis de glutationa (GSH) e redução da capacidade antioxidante total (TEAC). Estes processos podem estar associados com o acúmulo de ferro hepático no organismo, uma vez que este metal catalisa a geração de espécies reativas de oxigênio Por outro lado, o pós-tratamento com ALA foi capaz de diminuir os níveis do AST e FA, além de diminuir peroxidação lipídica e elevar os níveis de GSH e TEAC. Além disso, ALA reduziu nível de ferro hepático induzida pela dapsona nos grupos tratados com este antioxidante. Dessa forma, é concluído que DDS induz dano hepático, assim como o estresse oxidativo e nesse contexto, ALA protege e pode reverter danos provocados pelo uso contínuo de DDS. Com isso, ALA apresenta potencial terapêutico na prevenção de dano hepático que pode ser ocasionado em pacientes em tratamento com fármacos oxidativos como DDS.



Palavras-chaves:  dapsona, dano hepático, estresse oxidativo, ácido alfa lipóico, antioxidante