DAPSONA INDUZ ALTERAÇÕES OXIDATIVAS NO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL DE CAMUNDONGOS: EFEITOS DO ÁCIDO ALFA-LIPÓICO
BRUNO ALEXANDRE QUADROS GOMES1, SAVIO MONTEIRO DOS SANTOS 1, CAROLINE AZULAY RODRIGUES1, PRICILA RODRIGUES GONÇALVES1, JONI TETSUO SAKAI 1, PAULO FERNANDO SANTOS MENDES 1, MARTA CHAGAS MONTEIRO1
1. UFPA - Universidade Federal do Pará
saviomontsan@gmail.com

Dapsona (DDS) é um fármaco utilizado na poliquimioterapia da hanseníase. Seu uso contínuo pode provocar reações adversas, a exemplo de hemólise e metemoglobinemia. Metabólitos da DDS induzem a formação de espécies reativas de oxigênio (ERO) e provocam desequilíbrio no estado redox. Estas alterações levam à liberação e acúmulo de ferro em tecidos como córtex pré-frontal (PFC). Estudos associam o comprometimento da homeostase com depósito de Fe no sistema nervoso central (SNC). Este tecido apresenta alta taxa de atividade metabólica e é o segundo maior em quantidade de Fe. Por esta razão, é um dos locais com maior propensão a danos por estresse oxidativo. Com o intuito de combater ou prevenir essas agressões, são pesquisados compostos antioxidantes como o ácido α-lipóico (ALA). O objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações oxidativas causadas por DDS, bem como os efeitos do ALA contra o estresse oxidativo e sobrecarga de ferro no PFC. Assim, 60 camundongos Swiss foram divididos em 6 grupos de 10 animais: Sham; DDS (40 mg/kg); azul de metileno (1mg/kg), ALA (12,5mg/kg); ALA (25 mg/kg) e ALA (50mg/kg) (Comitê de Ética no Uso de Animais da UFPA, n° 2411100816). Duas horas após a administração diária de DDS, foram administradas as concentrações de ALA. No 5º dia de tratamento, os animais foram anestesiados e submetidos a eutanásia para coleta de PFC. Foram dosados capacidade antioxidante (TEAC), glutationa reduzida (GSH), substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e ferro no PFC.  Os resultados mostraram que o tratamento com DDS reduziu TEAC e GSH e aumentou TBARS e Fe, caracterizando estresse oxidativo no PFC. Isso sugere que DDS e seus metabólitos podem promover alterações no equilíbrio redox de PFC. Nesse sentido, Fe catalisa a produção de ERO, que pode reduzir os níveis de GSH e aumentar peroxidação lipídica. Por outro lado, o tratamento com o ALA em todas as concentrações usadas foi capaz de reduzir os níveis de TBARS e ferro. ALA pode ter importante efeito antioxidante no PFC de camundongos, aumentando TEAC e assim prevenir dano. Sua ação resulta tanto da capacidade de remover diretamente ERO quanto em quelar e remover quantidades excessivas de ferro. Com isso, concluímos que ALA diminui a toxicidade gerada por DDS, sendo alternativa terapêutica promissora para o tratamento e prevenção do estresse oxidativo em indivíduos em uso crônico de DDS. Este suporte poderia facilitar adesão ao tratamento de doenças como a hanseníase.



Palavras-chaves:  ácido α-lipóico, dapsona, estresse oxidativo, hanseníase, córtex pré-frontal