APACHE II e IV, SAPS 3 e SOFA como Preditores de Letalidade em Pacientes Co-Infectados TB/HIV: um estudo prospectivo |
INTRODUÇÃO : Cerca de 1 a 3% dos pacientes com tuberculose (TB) necessitam de unidade de terapia intensiva (UTI). O escore de Fisiologia Aguda e Avaliação da Saúde Crônica II (APACHE II), amplamente utilizado para avaliação da gravidade da doença e previsão de resultados em pacientes críticos, mostrou-se incapaz de predizer mortalidade em pacientes com TB internados em unidade de terapia intensiva (UTI). OBJETIVO: Avaliar a correlação entre o desfecho previsto pelos diversos escores de avaliação de pacientes críticos e o desfecho real encontrado em pacientes com TB internados em UTI. DESENHO DO ESTUDO: Prospectivo, observacional, descritivo. MÉTODOS: Avaliação de pacientes internados na UTI de uma unidade referência para coinfecção TB/HIV, no período de maio de 2017 a abril de 2018. Foram incluídos os pacientes com confirmação microbiológica de tuberculose. RESULTADOS : Dos 45 casos suspeitos internados na UTI, 17 preencheram critérios de inclusão. A idade média foi de 38 anos (± 13), 75% foram homens e 94% eram HIV positivos. A principal causa de internação na UTI foi a insuficiência respiratória (76%). A taxa de mortalidade de trinta dias foi de 75%. A média dos pontos do APACHE IV foi de 129 (± 33); APACHE II, 25 (± 7); SAPS III, 74 (± 16) e SOFA, 10 (± 5). Esses escores estimaram respectivamente 80%, 55%, 66% e 45% da mortalidade. Avaliando-se a curva ROC não foi possível descrever qual foi o escore com melhor performance para estimar mortalidade. Entretanto, avaliando-se alguns preditores destes escores isoladamente, observa-se que os novos critérios de sepse, como taquicardia, PAM, insuficiência renal e acidose metabólica, apresentam correlação com óbito (p<0,05). Além disso, náuseas, vômitos e inapetência antes do internamento estiveram relacionadas ao óbito (p<0,05). DISCUSSÃO: O APACHE IV e o SAPS III avaliam itens importantes como imunossupressão e origem do paciente previamente à admissão em UTI. Este é o primeiro estudo a avaliar o APACHE IV para pacientes TB/HIV e, mais estudos, com um maior número de indivíduos, são necessários para que se possa avaliar melhor esta ferramenta. CONCLUSÃO : A sensibilidade e especificidade dos escores avaliados permanecem aquém das expectativas. Entretanto, acidose metabólica, insuficiência renal aguda, choque circulatório e a incapacidade de fazer uso da medicação após o diagnóstico apresentam-se como preditores importantes de mortalidade. |