AVALIAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE USO DE OVITRAMPAS PARA MONITORAMENTO DE AEDES (STEGOMYIA) AEGYPTI (DIPTERA: CULICIDAE) EM SALVADOR, BAHIA
LAIRTON SOUZA BORJA 1, RAQUEL LIMA SOUZA1, ANNA BEATRIZ PEREIRA SIMÕES ALVES1, VANIO ANDRÉ MUGABE1, GABRIEL DOS SANTOS FERREIRA1, URIEL KITRON1, MITERMAYER GALVÃO DOS REIS1, GUILHERME DE SOUSA RIBEIRO1
1. IGM-FIOCRUZ/BA - Instituto Gonçalo Moniz, 2. ISC-UFBA - Instituto de Saúde Coletiva-Universidade Federal da Bahia, 3. UP - Universidade Pedagógica, 4. FMB-UFBA - Faculdade de Medicina da Bahia-Universidade Federal da Bahia, 5. EMORY UNIVERSITY - Emory University
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O Aedes (Stegomyia) aegypti é uma das espécies de maior risco para saúde pública por ser o principal vetor dos vírus da Zika, Dengue, Chikungunya e Febre Amarela, ser antropofílico e bem adaptado ao ambiente urbano. No Brasil, o monitoramento do Ae. aegypti é realizado pela busca das larvas dos mosquitos. No entanto, esse método apresenta falhas em avaliar o risco de transmissão de arboviroses por não quantificar larvas e por sua imprecisão devido a dependência do esforço humano na identificação dos criadouros. Como alternativa, métodos simples que se baseiam na detecção de ovos de mosquitos em ovitrampas tem apresentado uma alta sensibilidade no monitoramento do Ae. aegypti. O objetivo deste estudo é avaliar diferentes estratégias na utilização de ovitrampas para detecção e identificação do Aedes aegypti a fim de otimizar o seu uso. O estudo foi realizado em um condomínio residencial, localizado em Piatã, área nobre de Salvador. Vinte casas foram selecionadas para instalação de quatro ovitrampas por casa: duas contendo infusão de 30% de feno e duas contendo água de torneira, sendo uma de cada solução colocada no intradomicílio e as outras no peridomicílio. Após 7 dias, as armadilhas eram removidas para contagem dos ovos nas palhetas e coleta e identificação das larvas presentes na água. Esse procedimento foi repetido uma segunda vez nas 20 casas. Ao total foram detectados 3.868 ovos e 3.420 larvas. A média do número de ovos por ovitrampa foi maior nas armadilhas que continham infusão (34,4 ±50,45) do que naquelas que continham água (18,9±32) (P<0,01). O mesmo foi observado para a média do número de larvas por ovitrampa (36,7±83,5 vs 6,6±19,6; P<0,001). A quantidade média de ovos nas armadilhas instaladas no peridomicílio (38,6±51,9) foi maior que a média observada nas armadilhas instaladas no intradomicílio (12,7±25,6) (P<0,0001). Porém, o mesmo não foi observado para a média de larvas (24,8±69,9 vs. 19,2 ±53,2; P=0,09). Das 3.420 larvas coletadas, 1.390 (41%) foram do gênero Aedes e 2.030 (59%) foram do gênero Culex , sendo estas detectadas quase que exclusivamente nas armadilhas com feno (86%). Entre as 1.390 larvas de Aedes , 409 (29%) foram identificadas, sendo 317 (23%) da espécie Ae. aegypti e 92 (6%) da espécie Ae. albopictus . Por fim, pode-se concluir que a instalação das ovitrampas no peridomicílio utilizando a solução de infusão de feno otimizam a performance das ovitrampas na detecção de ovos de Aedes aegypti e na detecção de larvas de Culex sp .



Palavras-chaves:  Aedes aegypti, Aedes albopictus, Mosquitos, Ovitrampas, Vigilância entomológica