ESTUDO ANATOMOPATOLÓGICO E DISTRIBUIÇÃO DA APENDICITE VERMINÓTICA
ANA FLÁVIA DE SÁ TRINDADE 1, MARINA FERREIRA PASSOS ROCHA1, RANIERI DUTRA1, GUSTAVO CORDEIRO1, LETÍCIA CORDEIRO MELO1, CÍNTIA GONÇALVES CAVALCANTE1, GUILHERME COSTA GUEDES PEREIRA1
1. UNIPE - Centro Universitário de João Pessoa
ana_flaviasa@hotmail.com

A apendicite verminótica ou parasitária consiste na presença de parasitas causando inflamação do apêndice cecal, seja por um fenômeno obstrutivo ou irritativo da mucosa apendicular, podendo evoluir para uma apendicite aguda inespecífica com rotura do órgão e peritonite purulenta. Na grande maioria dos casos não há suspeita prévia da etiologia parasitaria para o processo inflamatório abdominal. Os parasitas frequentemente observados são o enterobius e o áscaris. O estudo tem o objetivo de analisar a prevalência de casos de apendicite relacionada a parasitose intestinal e reconhecer o padrão da resposta inflamatória, na mucosa e parede apendicular, em comparação às apendicites obstrutivas não parasitárias. O estudo foi realizado através da revisão de 640 espécimes de apendicectomias de material de patologia cirúrgica, em pacientes de ambos os sexos, com idade entre 9 a 62 anos, submetidos a tratamento de abdome agudo inflamatório, bem como revisão da literatura. Dos 640 pacientes com diagnóstico clínico de apendicite aguda, 4 foram identificados com estruturas parasitarias luminais apendiculares, típicas de enterobíase, e um padrão de resposta inflamatória da mucosa caracterizada predominantemente por microulceração e hiperplasia linfoide nodular com frequentes eosinófilos. Aspectos, portanto, diferentes da resposta inflamatória neutrofílica supurativa habitual das demais apendicites obstrutivas. A apendicite parasitária tem particularidades regionais e mais frequentemente desenvolve alterações apendiculares que podem desencadar uma sintomatologia crônica e mais raramente aguda. O diagnóstico de apendicite parasitária no Brasil é um evento mais raro do que a suposição das altas taxas de parasitose existentes em nossa população. Os dados em alguns estudos sugerem que o verme, principalmente o gênero Trichuris, no apêndice pode ser uma ocorrência bastante comum, por exemplo, Coutelen et al., encontraram evidências em 27% das 132 apendicectomias de crianças no norte da França; Swartzwelder et al., analisou 81 casos de tricuríase e afirmou que o parasitismo intestinal e apendicite crônica foram os mais comuns diagnósticos. No Brasil, os parasitas causadores da inflamação apendicular são justamente aqueles que com mais frequência e constância contribuem para a verminose brasileira: Necator, Ascaris e Oxiurus. A maioria dos acometimentos tem inexistência de sintomas clínicos o que torna a parasitose objeto de diagnóstico pela patológica cirúrgica.



Palavras-chaves:  Verminose, Apendicite, Enterobius