Avaliação da interrupção de exposição à transmissão de Leishmania spp. em roedores silvestres e sinantrópicos oriundos de área endêmica para Leishmaniose Tegumentar Americana do Estado de Pernambuco, Brasil. |
As leishmanioses são antropozoonoses causadas por diferentes protozoários do gênero Leishmania . Nas Américas, apresentam-se sob duas formas clínicas: leishmaniose tegumentar americana (LTA) e leishmaniose visceral americana (LVA). A LTA é uma doença endêmica no Brasil e, Leishmania ( Viannia ) braziliensis é a principal espécie causadora da endemia. Amaraji, município da Zona da Mata de Pernambuco, apresenta importante incidência da LTA. O estudo avaliou a interrupção de exposição à transmissão de Leishmania spp. em roedores silvestres e sinantrópicos oriundos do município de Amaraji, área endêmica para LTA no Estado de Pernambuco, Brasil. Em agosto/2014, 13 roedores silvestres e sinantrópicos, de 4 espécies diferentes (5 Nectomys squamipes , 4 Necromys lasiurus , 3 Akodon arviculoides e 1 Rattus rattus ) previamente capturados, marcados com microchips, e, com diagnóstico molecular (qPCR) detectado em capturas anteriores, de infecção por Leishmania (Viannia) spp. foram recapturados na localidade Engenho Raiz de Dentro, município de Amaraji-PE. Em seguida foram transportados para o biotério NA3, do CPqAM/FIOCRUZ, onde permaneceram até mar/2015, sob condições padrão de manutenção. Entre março/2015 e julho/2015, foram realizadas coletas mensais de amostras (fragmento de pele e sangue total). Dessas amostras foi extraído DNA e realizado qPCR para detecção de infecção e cargas parasitárias (CP's) de Leishmania ( Viannia ) spp. Os resultados foram pareados e comparados com os de outros roedores que permaneceram expostos a infecção no campo. Todas as amostras de pele foram negativas. Analisando as CP's em DNA de sangue, verificou-se um aumento significativo ao longo do tempo em roedores mantidos no campo (z=-2.19, p=0.028). Os roedores mantidos no biotério apresentaram diminuição significativa nas CP’s (z = -4,18, p<0,001). Os resultados indicam que roedores naturalmente infectados tendem a diminuir a parasitemia quando protegidos de nova exposição à transmissão. Já os roedores mantidos no campo, provavelmente, ao se re-infectarem tendem a manter níveis de parasitemia mais elevados. Os dados indicam que estudos laboratoriais que envolvem um único inóculo experimental podem não ser um bom modelo para avaliação de hospedeiros reservatórios de L .( V .) braziliensis, bem como, estes resultados também reforçam o papel desses roedores como hospedeiros reservatórios envolvidos na manutenção do ciclo de transmissão da LTA. |