IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS FATORES AMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICOS RELACIONADOS À OCORRÊNCIA DA LEISHMANIOSE CUTÂNEA NO BRASIL |
A Leishmaniose cutânea (LC) é uma doença zoonótica de complexo ciclo de transmissão, que envolve parasitos, vetores, reservatórios silvestres (e eventualmente domésticos) e o ser humano. Há uma consonância entre os especialistas de que existem fatores ambientais e socioeconômicos que são determinantes no processo de transmissão da enfermidade e configuram padrões de transmissão conhecidos. Muitas pesquisas já identificaram determinantes relevantes, entretanto, o conhecimento sobre a importância relativa destes determinantes para a transmissão da LC a nível coletivo ainda não foi estruturado. Este estudo tem por objetivo identificar os principais fatores ambientais e socioeconômicos relacionados à ocorrência da LC no Brasil. Primeiramente foi realizada uma pesquisa bibliográfica sistematizada dos fatores que já foram associados à enfermidade. Para a revisão foram detectadas na plataforma DeCS 4 combinações de palavras utilizadas para a busca de artigos nas livrarias eletrônicas Scielo e PubMed. Para cada artigo encontrado foram revisados também suas referências a outros estudos. Os fatores encontrados foram organizados, agrupados e classificados com uma pontuação de acordo dois parâmetros: a frequência de citações e os identificados como “de forte associação em estudos analíticos”. Foram selecionados os fatores que, com base ao resultado desta pontuação, se encontravam igual ou acima do percentil 85. A revisão abarcou 41 artigos, sendo 32 publicações nacionais e 9 internacionais. Os estudos abrangeram todas as regiões do Brasil, além de 7 outros países da América do Sul. Foram encontrados 169 fatores ambientais e socioeconômicos, sintetizados em 51 grupos. A seleção resultou em 14 fatores: agropecuária, mineração, desmatamento, presença de florestas, vegetação, áreas rurais, temperatura, renda, IDH, grau de urbanização, saneamento básico, hábitos culturais, população (rural/urbana) e ocupação profissional. Este conhecimento consolidado a respeito dos principais fatores ambientais e socioeconômicos relacionados à ocorrência da LC no Brasil, contribui para direcionar estudos que possam identificar as áreas de risco para a transmissão da enfermidade. Assim, estes resultados colaboram para uma melhor caracterização epidemiológica da LC, e podem servir como base para direcionar novas estratégias para otimizar a vigilância. |