INVESTIGAÇÃO DE FLEBOTOMÍNEOS (DIPTERA: PSYCHODIDAE) APÓS CASOS NOTIFICADOS DE LEISHMANIOSE EM MUNDO NOVO, NORTE DE GOIÁS |
Os flebotomíneos apresentam grande diversidade de espécies e muitas delas atuam como vetores das leishmanioses, causada por protozoários parasitas do gênero Leishmania (Kinetoplastida: Trypanosomatidae). É uma antropozoonose de complexa epidemiologia, com altos índices de morbidade e mortalidade, prevalentes em países tropicais e subtropicais sendo responsáveis por milhões de casos em todo o mundo. Este trabalho visou o levantamento de flebotomíneos após casos notificados de leishmaniose humana e canina, e suspeita de óbito humano por Leishmaniose Visceral (LV) no município de Mundo Novo, região norte de Goiás. As capturas foram realizadas em noites consecutivas, no período de 28/02 a 01/03/2013, com esforço de 32 armadilhas luminosas tipo CDC em 2 localidades, instaladas do anoitecer (18 h) ao amanhecer (7 h), no intradomicílio e ecótopos no peridomicílio. A triagem foi realizada em campo, e posterior montagem e identificação das espécies na seção de entomologia do LACEN-GO. Foram capturados 7.495 flebotomíneos, dentre os quais foi possível a identificação de 1.994 exemplares (26%) de 3.393 capturados numa CDC em um chiqueiro no Assentamento Escarlate 43. Oito espécies de cinco gêneros foram identificadas: Lutzomiya longipalpis (923 machos, 461 fêmeas; 69,6%), por Nyssomia whitmani (181 ♂, ♀85; 13,3%); Evandromyia lenti (123 ♂, 56 ♀ ; 8,8%); Evandromyia carmelinoi (47 ♂, ♀43; 4,5%); Evandromyia evandroi (10 ♂, ♀28; 1,9%), Pressatia choti (13 ♂, 19 ♀; 1,6%) , Micropygomyia villelai (03♀; 0,15%); Evandromyia termitophila (01 ♂, 01♀ ; 0,1%). Lu. longipalpis é uma espécie bastante antropofílica e com grande capacidade de adaptação ao ambiente antropizado, e incriminada como o principal vetor da LV. E Ny. whitmani destaca-se como o principal vetor da Leishmaniose Tegumentar, já as Evandromyias das espécies lenti , carmelinoi , evandroi e termitophila, são pouco conhecidas as suas atuações como possíveis vetores de leishmanioses, e suas fêmeas não são antropofílicas. Para Pressatia choti, sua importância médica é ainda desconhecida e suas fêmeas não são comumente antropofílicas. Este estudo revelou a presença das principais espécies potenciais vetores das leishmanioses, com destaque para L. longipalpis , sendo a mais abundante, confirmando o potencial risco de transmissão vetorial de LV na região. Não havia referência de Pressatia choti para Goiás, sendo este o primeiro registro de sua ocorrência no Estado. |