MOSQUITOS (DIPTERA: CULICIDAE) EM ÁREAS VERDES URBANAS DO ESTADO DE SÃO PAULO EM PERÍODO EPIDÊMICO DE FEBRE AMARELA, 2016-8
LUIS FILIPE MUCCI1, JULIANA TELLES DEUS1, EDUARDO STERLINO BERGO 1, ROSA MARIA TUBAKI1, REGIANE MARIA TIRONI MENEZES1, MARIZA PEREIRA1, SIMONE LR NOGUEIRA1, ADRIANO PINTER1, REGIANE C DE PAULA1, ROBERTA MF SPINOLA1, MARIANA S CUNHA1, GIOVANA S CALEIRO1, RENATO P SOUZA1
1. SUCEN - Superintendência de Controle de Endemias, 2. CVE - SP - Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac", 3. IAL - Instituto Adolfo Lutz
EDUSTEBER@UOL.COM.BR

A transmissão de febre amarela no Brasil tem sido associada principalmente a Haemagogus janthinomys nas regiões Amazônica, Centro-Oeste, parte do Nordeste e Sudeste e a Hg. leucocelaenus nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo. Outras espécies, entretanto, já foram encontradas naturalmente infectadas no país como Hg. capricornii, Hg. albomaculatus, Hg. spegazzinii, Sabethes soperi, Sa. cyaneus, Sa. quasicyaneus, Sa. chloropterus , Sa . glaucodaemon, Aedes scapularis, Ae. fulvus, Ae. serratus, Psorophora albipes e Ps. ferox , ou demonstrada a competência vetorial experimental como em Sa . albiprivus , Ae. terrens, Ae. albopictus e Ae. aegypti . Desde 2016 o Estado de São Paulo vem registrando intensa circulação viral iniciada na região Noroeste, estendendo-se posteriormente a sudeste para importantes conglomerados urbanos e reservas de Mata Atlântica, atingindo a faixa litorânea. Até o momento, nenhum caso humano de FA foi de transmissão urbana, sendo anotado apenas o vínculo silvestre. Contudo, foi confirmada a circulação viral em áreas verdes urbanas como praças, parques e córregos com vegetação arbórea. Nosso objetivo foi relatar a fauna de mosquitos potenciais vetores do vírus amarílico em municípios onde esta situação foi observada no período epidêmico atual. Dos 201 municípios pesquisados pela Sucen/SES-SP, de outubro/2016 a maio/2018, três deles se destacaram por apresentarem circulação viral associadas a áreas verdes urbanas: Ribeirão Preto, São Paulo e Taubaté, respectivamente com 28, 22 e 5 localidades pesquisadas. Considerando as tribos Aedini e Sabethini, Ae. scapularis (n=225), Ae. albopictus (n=104) e Ps. ferox (n=147) ocorreram em todos os locais em Taubaté, com Ae. aegypti e os gêneros Haemagogus e Sabethes ausentes . Em Ribeirão Preto Ae. aegypti foi mais frequente, registrada em 10 locais (n=119), seguida de Ae. scapularis em cinco (n=34), enquanto Ae. albopictus (n=13), Ps. ferox (n=1), Hg. leucocelaenus (n=12),  Hg. janthinomys (n=2) e Sa. purpureus (n=6), foram restritas. Em São Paulo, Ae. scapularis (n=1431) e Ae. albopictus (n=642) foram dominantes e encontradas em quase todos os locais, com Ae. aegypti (n=54) em onze e Ps. ferox (n=3) em três locais; os demais táxons das duas tribos não foram registrados. Estes resultados sugerem um modo de transmissão distinto dos ciclos silvestre ou urbano, configurando-se em um cenário de transição, ainda não descrito no Brasil mas registrado na década de 1990 no Senegal, África Ocidental.



Palavras-chaves:  Febre amarela, Culicidae, Vetores, Haemagogus, Sabethes