AVALIAÇÃO CARDIOLÓGICA DE PACIENTES COM DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA DE UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM CUIABÁ, MATO GROSSO.
LARISSA NADAF BATISTA¹, LUCIANO TEIXEIRA GOMES¹, EVA CLARICE ABDO GRIGOLI¹, CARLOS ALBERTO CAMPELLO JORGE¹, PAULO LUCAS BENCHIMOL VILLASBOAS¹, RICARDO BATISTA BUONO¹, ALINNE REBECA CASÉ LEITE¹
1. HUJM - Hospital Universitário Júlio Müller
larissanadaf@hotmail.com

A doença de Chagas pode causar cardiomiopatia crônica em cerca de 30% dos pacientes, sendo a causa mais comum de cardiomiopatia não-isquêmica na América Latina . O objetivo deste trabalho é d escrever as alterações clínicas e eletrocardiográficas de pacientes com doença de Chagas crônica (DCC) da casuística de um serviço de referência de Cuiabá.  Foram avaliados 47 pacientes com DCC nas diferentes formas da doença, tratados previamente com benzonidazol, atendidos no Ambulatório de Infectologia do Hospital Universitário  Júlio Müller , entre fevereiro e junho de 2018. A avaliação clínica consistiu em anamnese e exame físico. Foram realizados eletrocardiogramas (ECG) em 33 pacientes, escolhidos aleatoriamente. Os principais sintomas cardiovasculares relatados foram: palpitações em 29,8% dos pacientes; dispneia (25,5%); nictúria (23,4%); dor precordial (19,1%); sonolência/redução da capacidade mental (14,9%). Os achados mais prevalentes nos ECG foram: exame sem alterações em 27,3% dos pacientes; bradicardia sinusal, sobrecarga de átrio esquerdo (SAE) e alteração da repolarização ventricular (ARV) em 21,2%; bloqueio de ramo direito (BRD) e baixa voltagem do QRS em 15,2%; BRD com hemibloqueio anterior esquerdo (HBAE) em 9,1%. Quanto às principais doenças associadas, foram relatadas a hipertensão arterial sistêmica em 57,4% dos pacientes, dislipidemia em 53,2% e obesidade em 38,3%. De acordo com a literatura, as alterações do ECG mais prevalentes na DCC são o BRD e o HBAE em até 50% dos casos. Outras alterações frequentes são ARV, bradicardia sinusal e arritmias supraventriculares. Porém, as mais apresentadas entre os pacientes foram bradicardia sinusal, SAE e ARV, diferente do que é descrito na literatura. Nos pacientes avaliados, a presença de sintomas clínicos cardiovasculares foi frequente, o que poderia sugerir acometimento cardíaco. Ressalta-se que, apesar dos achados clínicos e eletrocardiográficos poderem ser atribuídos à cardiopatia chagásica, a presença de outras doenças crônicas prevalentes na amostra podem ocasionar os mesmos sintomas e grande parte das alterações eletrocardiográficas supracitadas. Concluímos que foi frequente a ocorrência de manifestações clínicas e alterações eletrocardiográficas entre pacientes portadores de DCC, provavelmente por serem atendidos em serviço de referência onde, em geral, demandam pacientes em estágios mais avançados da doença.