Introdução do vírus chikungunya no Recife, Pernambuco, 2015: Perfil clínico e epidemiológico.
PATRICIA DILETIERI DE ASSIS 1, MARIA OLÍVIA SOARES RODRIGUES1, AMANDA PRISCILA DE SANTANA CABRAL SILVA1
1. SEVS - Secretaria de Saúde do Recife, Secretaria Executiva de Vigilância à Saúde, Recife-PE, Brasil., 2. CAV UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, Núcleo de Saúde Coletiva
amandapscabral@gmail.com

Introdução: A febre Chikungunya é uma das arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e a cidade do Recife, Pernambuco teve em 2015 seu primeiro caso autóctone notificado. Objetivo: Descrever o perfil clínico-epidemiológico dos casos de chikungunya no Recife em 2015. Métodos: Estudo descritivo que apresentou o perfil clínico-epidemiológico dos casos confirmados em 2015, notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Os casos confirmados laboratorialmente foram entrevistados por meio de inquérito telefônico para caracterização do perfil clinico. Resultados: Dos 1.483 casos notificados residentes no Recife, 1.000 (67,4%) foram confirmados, dos quais 186 (18,6%) por critério laboratorial. Foram excluídos 51 casos confirmados laboratorialmente por questões que inviabilizaram o contato com o paciente. A taxa de incidência (TI) foi de 61,8 casos/ 100 mil hab. A maior proporção dos casos foi no sexo feminino (68,5%) e na faixa etária entre 40 e 59 anos (32,1%). A TI foi maior nos maiores de 60 anos (110,0 casos/100 mil hab.). O risco entre os Distritos Sanitários (DS) variou de 8 casos/ 100 mil hab. no DS VIII a 158 casos/ 100 mil hab. no DS VII. Foi observada a disseminação da doença no município que, enquanto em julho de 2015 notificou o primeiro caso autóctone, em dezembro de 2015 81 dos 94 bairros do Recife apresentavam casos confirmados. Dos 135 casos entrevistados, 11 relataram sinais e sintomas até 10 dias do início dos sintomas (IS), sendo classificadas como casos agudos; 25 tiveram persistência dos sintomas após 11 dias até 90 dias do IS, sendo estes casos subagudos e 99 casos apresentaram sinais e sintomas por mais de três meses do IS, caracterizando-se como casos crônicos. Na fase aguda a febre, exantema, artralgia e edema periarticular foram referidos pela maioria dos casos. Na fase subaguda, a artralgia persistiu em cerca de metade dos casos e foram referidas a alopecia e alterações do sono. Na fase crônica, entre outros sintomas, a artralgia esteve presente em todos os relatos. Cinquenta entrevistados (37,0%) afirmaram apresentar uma ou mais comorbidades, sendo a mais frequente a hipertensão arterial sistêmica. Conclusão: Os resultados demonstram a complexidade da chikungunya nas suas diferentes fases clínicas. Estudos epidemiológicos que mensurem os impactos individuais e coletivos podem subsidiar efetivas medidas de prevenção e controle da doença. 



Palavras-chaves:  Arboviroses, Febre do Chikungunya, Vigilância epidemiológica