PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE ESCORPIONISMO EM MUNICÍPIO DO NORDESTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS, ENTRE 2007 E 2017 |
O escorpionismo é um problema de saúde pública cuja incidência no Brasil tem crescido ao longo dos últimos anos. Minas Gerais figura entre as unidades da federação com maior número de casos e de mortes decorrentes do agravo, além de estar entre os cinco estados com mais altas incidências de tal acidente. O objetivo do presente estudo é descrever o perfil epidemiológico dos casos de escorpionismo em Franciscópolis, município de pequeno porte com população predominantemente rural (58,6%), localizado na região nordeste de Minas Gerais, entre 2007 e 2017. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo. Os dados concernentes aos acidentes com escorpiões foram coletados nas bases de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) municipal e da Superintendência Regional de Saúde de Teófilo Otoni. A consistência dos dados foi analisada pela checagem individual dos registros e as duplicatas foram excluídas da base de dados. Os casos foram descritos quanto ao ano de ocorrência, sexo do acometido, zona de residência, idade e ocupação do acidentado, zona de ocorrência do acidente, local do corpo em que houve o acidente, desfecho do acidente. Para a estimativa da incidência anual de casos de escorpionismo foram utilizadas as populações anuais estimadas, recenseadas ou contadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período de estudo foram notificadas 449 ocorrências de escorpionismo as quais acometeram majoritariamente pessoas do sexo masculino (58,4%), residentes em zona rural (73,7%), envolvidas em ocupações do setor agropecuário (48,1%). A idade dos acometidos variou entre zero e 97 anos, com média de 36 anos e desvio padrão de 22,8 anos. A maioria dos acidentes aconteceu na zona rural (81,3%). Os locais do corpo envolvidos nos acidentes foram predominantemente os membros superiores (56,8%), sobretudo os quirodáctilos (36,1%). A incidência foi crescente ao longo dos anos, variando de 52,9 casos por 100000 habitantes em 2007 para 2309,6 casos por 100000 habitantes em 2017. Um desfecho fatal foi assinalado. O escorpionismo é um agravo negligenciado e emergente no Brasil, não somente em áreas urbanas, mas em municípios de pequeno porte com ampla área rural. Medidas de proteção individual voltadas aos trabalhadores agropecuários podem contribuir para a redução da incidência crescente do agravo na região nordeste de Minas Gerais, cujos índices superam as médias estaduais e nacionais para este tipo de acidente. |