PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE ESCORPIONISMO EM MUNICÍPIO DO NORDESTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS, ENTRE 2007 E 2017
LORENA ALMEIDA LADEIRA1, RAFAEL PEREIRA DE MORAES RIBEIRO1, JOÃO PAULO ALMEIDA RODRIGUES1, BEATRIZ GARCIA DE TOLEDO1, INGRID GONÇALVES CAIRES1, KÊNIA MOREIRA RAMOS1, HERTON HELDER ROCHA PIRES1, JOÃO VICTOR LEITE DIAS 1
1. UFVJM - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, 2. SMS FRANCISCÓPOLIS - Secretaria Municipal de Saúde de Franciscópolis
joao.dias@ufvjm.edu.br

O escorpionismo é um problema de saúde pública cuja incidência no Brasil tem crescido ao longo dos últimos anos. Minas Gerais figura entre as unidades da federação com maior número de casos e de mortes decorrentes do agravo, além de estar entre os cinco estados com mais altas incidências de tal acidente. O objetivo do presente estudo é descrever o perfil epidemiológico dos casos de escorpionismo em Franciscópolis, município de pequeno porte com população predominantemente rural (58,6%), localizado na região nordeste de Minas Gerais, entre 2007 e 2017. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo. Os dados concernentes aos acidentes com escorpiões foram coletados nas bases de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) municipal e da Superintendência Regional de Saúde de Teófilo Otoni. A consistência dos dados foi analisada pela checagem individual dos registros e as duplicatas foram excluídas da base de dados. Os casos foram descritos quanto ao ano de ocorrência, sexo do acometido, zona de residência, idade e ocupação do acidentado, zona de ocorrência do acidente, local do corpo em que houve o acidente, desfecho do acidente. Para a estimativa da incidência anual de casos de escorpionismo foram utilizadas as populações anuais estimadas, recenseadas ou contadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período de estudo foram notificadas 449 ocorrências de escorpionismo as quais acometeram majoritariamente pessoas do sexo masculino (58,4%), residentes em zona rural (73,7%), envolvidas em ocupações do setor agropecuário (48,1%). A idade dos acometidos variou entre zero e 97 anos, com média de 36 anos e desvio padrão de 22,8 anos. A maioria dos acidentes aconteceu na zona rural (81,3%). Os locais do corpo envolvidos nos acidentes foram predominantemente os membros superiores (56,8%), sobretudo os quirodáctilos (36,1%). A incidência foi crescente ao longo dos anos, variando de 52,9 casos por 100000 habitantes em 2007 para 2309,6 casos por 100000 habitantes em 2017. Um desfecho fatal foi assinalado. O escorpionismo é um agravo negligenciado e emergente no Brasil, não somente em áreas urbanas, mas em municípios de pequeno porte com ampla área rural. Medidas de proteção individual voltadas aos trabalhadores agropecuários podem contribuir para a redução da incidência crescente do agravo na região nordeste de Minas Gerais, cujos índices superam as médias estaduais e nacionais para este tipo de acidente.



Palavras-chaves:  Picadas de escorpião, epidemiologia, animais peçonhentos