CONCORDÂNCIA ENTRE OS EXAMES LABORATORIAIS PARA DIAGNÓSTICO DO SARAMPO: ANÁLISE PRELIMILAR DOS RESULTADOS DO SURTO NO ESTADO DO AMAZONAS EM 2018* |
O sarampo é uma doença viral, imunoprevenível, altamente contagiosa. Desde fevereiro de 2018, o Brasil tem registrado casos da doença nos estados de Roraima e Amazonas (AM). Neste estudo, objetivou-se analisar a concordância entre os resultados dos exames laboratoriais utilizados no diagnóstico do sarampo, realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública do estado do Amazonas (Lacen) e pelo Laboratório de Referência Nacional (LRN), durante o surto em 2018. Foram analisados resultados registrados no Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial, do Ministério da Saúde, no período de fevereiro a junho de 2018. Os resultados de sorologia IgM para sarampo e RT-PCR em tempo real realizados no LRN foram comparados com os resultados de sorologia IgM para sarampo processados no Lacen do estado do Amazonas. O índice kappa foi utilizado para análise da concordância entre os resultados. Dos 3.316 testes de IgM realizados no Lacen-AM, 198 (6%) foram retestados para IgM e 70 (2%) exames de RT-PCR foram processados no LRN. Destes, até a semana epidemiológica 25 de 2018, foram identificadas 30 amostras com resultados provenientes do Lacen e do LRN, que puderam ser comparadas neste estudo. Observou-se baixa concordância entre IgM realizado no Lacen e no LRN (kappa = 0,11). O IgM realizado no LRN também apresentou baixa concordância (kappa = 0,26) em relação ao RT-PCR realizado no mesmo laboratório. Porém, ao comparar os resultados de IgM do Lacen e RT-PCR do LRN, a concordância foi mediana (kappa = 0,47). Todas as 25 amostras com IgM reagente no Lacen apresentaram resultado “detectável” no RT-PCR. Estudos sobre concordância entre os diferentes métodos e conjuntos diagnósticos são importantes para proporcionar segurança no encerramento ou classificação de um caso suspeito. Este estudo, com dados preliminares, indica uma concordância moderada entre os resultados de sorologia do Lacen e de RT-PCR do LRN, com detecção viral em 100% das amostras que haviam apresentado IgM reagente no Lacen. O fluxo de envio de amostras ao LRN deve ser sempre estimulado. No entanto, uma vez que se tenha evidência da circulação do vírus em uma localidade, vale refletir sobre a necessidade do reteste de exames ou da realização de exames complementares, uma vez que oneraram o sistema de saúde e tendem a aumentar o tempo para a tomada de decisão. |