PERFIL CLÍNICO E SÓCIO DEMOGRÁFICO DE MULHERES QUE VIVEM COM HIV/AIDS NO ESTADO DA PARAÍBA |
Desde as primeiras notificações de casos da infecção por HIV/Aids no Brasil, na década de 80, essa infecção vem aumentando consideravelmente, constituindo-se como um grave problema de saúde pública mundial. Dados atuais, estimam que aproximadamente 35 milhões de pessoas vivem com a infecção pelo HIV no mundo. Embora exista um número maior de casos notificados no sexo masculino, a velocidade de crescimento entre as mulheres vem aumentando consideravelmente, modificando a realidade dessa pandemia. Dados do Nordeste apontam que, até outubro de 2013 foram registrados 78 óbitos de pessoas do sexo masculino e 32 do sexo feminino. Diante disso, este trabalho tem por objetivo, descrever o perfil clínico e sóciodemográfico das mulheres que vivem com HIV/Aids na Paraíba, para isso, as informações foram obtidas a partir da aplicação de um questionário elaborado para 33 mulheres maiores de 18 anos acompanhadas pelo serviço de referência do Estado, escolhidas aleatoriamente, no período de julho e agosto de 2014, tendo obedecido os critérios éticos. Contatando-se que a idade média das participante foi de 39 anos. A maioria, 69,8% possui menos de 9 anos de estudo. No que se refere a cor autodeclarada, 72,7% definiu-se parda. Quanto ao número de filhos, observou-se que 87,9% têm filhos e a maioria tem até dois filhos, 55,2%. 87,8% das mulheres entrevistadas assumiram exposição sexual à infecção. Quanto ao estado civil e opção sexual, 45,5% estão solteiras e 78,8 % são heterossexuais. Grande parte da amostra apresentou contagem de células TCD4+ em níveis superiores a 350 cél/mm³ e carga viral indetectável. Apesar da existência de poucas informações acerca dessa infecção em mulheres, o diagnóstico e tratamento ocorrem em estágios mais avançados quando comparada à população masculina. É possível que esse fator esteja relacionado ao papel de “cuidadoras” que as mulheres desempenham na sociedade, fazendo com que a maioria delas priorizem a saúde das crianças e familiares, e, por manterem relacionamento fixo com parceiro único não se percebem sob risco. Há, também, uma ampla discussão acerca das questões de gênero sobre o uso ou não de preservativo, onde muitas mulheres sentem-se receosas ao solicitar o uso desse método, por medo de perder o companheiro, ou mesmo, o suporte financeiro. Assim, é necessário que o atendimento das mulheres seja realizado por equipes interdisciplinares que promovam cuidado integral, contemplando, inclusive a detecção precoce do HIV e demais IST’s. |