Vigilância molecular de triatomíneos sinantrópicos na Bahia |
A doença de Chagas ainda é um dos principais problemas de saúde pública em toda a América Latina, com cerca de 70 milhões de pessoas sob-risco de infecção e aproximadamente 5,7 milhões de indivíduos infectados por T. cruzi em 2010 na América Latina. O Trypanosoma cruzi é o protozoário causador da doença de Chagas e tem como principal forma de transmissão a vetorial. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a prevalência de detecção do T. cruzi e dos padrões alimentares de triatomíneos sinantrópicos no Estado da Bahia. As coletas foram realizadas em parceria com a SESAB em 2013 e 2014, com 842 coletas em 127 municípios, onde se coletou 6099 triatomíneos em 15 espécies. Após triagem, 2789 foram incluídos para avaliação molecular do conteúdo intestinal e até o momento foram testadas 696 amostras. O DNA das amostras e controles foi purificado respectivamente com os kits DNAzol ® ou QIAamp ® DNA Mini Kit e a concentração aferida em espectrofotômetro ND-1000 V3.3 e ajustada para ~100ng/uL. As PCRs com volume de 25uL seguiram o protocolo da TopTaq_MasterMix ® - QIAGEN utilizando 1uL de amostra. As PCRs foram realizadas em duplicata, e os resultados analisados em gel de agarose 2% com o Sistema Gel Micro™ SSP – One Lambda, sob luz UV e fotodocumentados no UVP - iBox® Scientia™ com o software VisionWorks®LS Analysis. Os alvos moleculeres testados foram: T. cruzi , Homem, Cão, Gato, Ave. A prevalência de infecção pelo T. cruzi foi maior no ambiente silvestre, seguido de peridomiciliar e domiciliar, com as seguintes diferenças nas proporções observadas: Intradomiciliar (N=324, X²=37,44 p<0,000), Peridomiciliar (N=298, X²= 0,75 p=0,383) e Silvestre (N=73, X²=134 p=0,000). Os alvos moleculares cão, gato e homem foram detectados apenas no ambiente doméstico (intra e peridomicílio) e não foi observada diferença significante entre esses ambientes (X²cão=3,4 p=0,052 / X²gato=1,0 p=0,297 /X²homem=1,1 p=0,284). A prevalência de detecção do DNA de ave foi praticamente o mesmo no ambiente Silvestre e Peridomiciliar (X²=0,013 p=0,9076), e estatisticamente menor no ambiente Intradomiciliar quando comparado ao Peridomiciliar (X²=8,0 p=0,004) e Silvestre (X²=18 p=0,000). Estes resultados demostram que as espécies citadas mantêm o risco de transmissão da doença de Chagas no Estado da Bahia. |