ASSISTÊNCIA À SAÚDE DAS TRAVESTIS E MULHERES TRANSEXUAIS NA CIDADE DO RECIFE: ESTUDO TRANSVERSAL UTILIZANDO AMOSTRA RESPONDENT DRIVEN SAMPLING (RDS)
JESSYKA BARBOSA 1, NAÍDE TEODÓSIO1, GRIZIELLE ROCHA1, IRACEMA JACQUES1, LAÍS PEDROSA1, RAYANNE NOVAES1, THAIS LOPES1, ANAMARIA CARNEIRO1, ANA BRITO1
1. IAM/FIOCRUZ - Instituto Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, 2. SES/PE - Secretaria Estadual de Saúde, Pernambuco, 3. FCM/ UPE - Faculdade de Ciências Médicas/ Universidade de Pernambuco
jessykamary@yahoo.com.br

Os estigmas associados a identidade de gênero, em decorrência da não adequação do gênero ao sexo biológico ou a identidade sexual heteronormativa, geram processos de vulnerabilização na população LGBT, especialmente entre travestis e mulheres transexuais. Considerando esse contexto de vulnerabilização, é importante conhecer como tem se dado a assistência à saúde dessas mulheres. O objetivo deste estudo é descrever aspectos da assistência à saúde de travestis e mulheres transexuais na cidade do Recife. Trata-se de estudo transversal que utilizou a metodologia de amostragem “Respondent Driven Rampling - RDS” para selecionar travestis e mulheres transexuais da cidade do Recife com 18 anos ou mais, no período de janeiro a abril de 2016. Foram realizadas análises descritivas dos dados utilizando o STATA versão 12. De um total de 350 travestis/mulheres transexuais, a maioria estava cadastrada em alguma unidade de saúde (n=288; 82,5%), e 20 (5,7%), relataram ter algum plano de saúde. Dois terços da amostra (n=233; 67,7%) consultaram um médico pela última vez há menos de um ano. Quando adoecem ou precisam de atendimento em saúde, procuram com mais frequência a UBS (n = 78; 22,3%) ou os centros de especialidades/ policlínicas públicas/ posto de assistência médica (n = 73; 20,9%). Apenas 28% (n=97) afirmaram que sempre ou na maioria das vezes é fácil marcar consulta no serviço de saúde que frequenta. Cerca de metade das travestis/mulheres transexuais afirmaram que os profissionais de saúde respeitam sua identidade de gênero, e 37,2% (n=129) relataram que o seu nome social é sempre utilizado pelos profissionais dos serviços de saúde. A forma mais frequente (n=282; 81%) de conseguir preservativos é no serviço público de saúde.  No último ano, 45,6 % (n=159) fizeram exames para identificar IST; desses, 20% (n=70) afirmaram ter tido diagnóstico positivo para algum tipo de IST, e 58, receberam tratamento para a doença diagnosticada. Menos de 20% informou ter tomado todas as três doses da vacina para Hepatite B. Os achados deste estudo revelam que, embora a maioria das travestis/mulheres transexuais utilizam os serviços públicos de saúde, existem barreiras de acesso a esses serviços. Justifica-se, portanto, novos estudos para identificação dessas barreiras que contribuem no aumento das iniquidades em saúde que acometem essa população.  



Palavras-chaves:  Assistência à Saúde, Pessoas Transgênero, IST, Métodos epidemiológicos