Diagnóstico molecular de Giardia intestinalis em amostras clínicas e ambientais como estratégia para identificação de potenciais fontes de contaminação em uma área de vulnerabilidade social e sanitária do Rio de Janeiro, Brasil
PHELIPE AUSTRÍACO TEIXEIRA 1, MARIA FANTINATTI1, LUIZ ANTONIO PIMENTEL LOPES DE OLIVEIRA1, ÉRICA VERISSÍMO1, ALDA MARIA DA-CRUZ1
1. IOC/FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, 2. UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro
ph-austriaco@hotmail.com

As enteroparasitoses constituem um problema de saúde pública nos centros urbanos, geralmente em áreas com infraestrutura sanitária precária, fruto de um processo de urbanização desordenada. Frequentemente, nestas áreas indivíduos vivem em condições de vulnerabilidade social e a ausência do poder público leva a uma baixa perspectiva de implantação de saneamento, fazendo com que as condições ambientais favoreçam a veiculação de parasitos transmitidos pela água e pelo solo. Dentre os enteroparasitos, destaca-se com alta frequência Giardia intestinalis, um protozoário de transmissão hídrica e com potencial antropozoonótico. Neste contexto, a avaliação dos fatores ambientais é relevante a fim de identificar as possíveis fontes de contaminação em regiões do estado do Rio de Janeiro que albergam situação de vulnerabilidade social e sanitária. O objetivo desse trabalho é realizar o diagnóstico molecular de fontes ambientais (animais e água) e de amostras humanas para G. intestinalis em uma área de vulnerabilidade social e sanitária do Rio de Janeiro, Brasil. Foi realizado um inquérito parasitológico na população através de busca ativa nos domicílios com identificação do perfil social; diagnóstico parasitológico e molecular das amostras clínicas e ambientais (água, fezes de animais). Participaram do estudo 157 indivíduos, em Imbariê, município de Duque de Caxias/RJ, sendo que em 19,1% foram detectados parasitos intestinais. G. intestinalis foi o agente patogênico com maior frequência (6,4%) no EPF. Na detecção de enteroparasitos nas amostras de água, 9,1% (2/22) foram positivas através da PCR para G. intestinalis. Entre as 14 amostras de animais analisadas, uma (7,1%) foi positiva para G. intestinalis. Dos 157 participantes do estudo, 5,1% (n=8) tiveram amostras positivas a partir da amplificação do gene da β-giardina e nove para o gene gdh. Esses dados revelam que a infecção por giardíase persiste em áreas urbanas como problema de saúde pública. O diagnóstico ambiental das amostras de água e fezes de animais remonta a necessidade de entender o papel desses fatores na rota de transmissão dos protozoários intestinais, principalmente em áreas de vulnerabilidade sanitária. São necessários esforços intergovernamentais, intersetoriais, multi e transdisciplinares no enfrentamento das parasitoses intestinais, destacando o serviço de saneamento como ação prioritária na efetivação do direito à saúde.



Palavras-chaves:  Parasitoses Instestinais, Giardíase, Saneamento