AVALIAÇÃO DA FECUNDIDADE, FERTILIDADE E LONGEVIDADE DE Culex quinquefasciatus E Aedes aegypti, APÓS INFECÇÃO ARTIFICIAL COM O VÍRUS ZIKA
MÔNICA MARIA CRESPO COSTA ¹, DUSCHINKA RIBEIRO DUARTE GUEDES¹, CLÁUDIA MARIA FONTES DE OLIVEIRA¹, MARIANA CAROLINA DE MORAIS SOBRAL¹, MARCELO HENRIQUE SANTOS PAIVA¹, RAFAEL ALVES DA SILVA¹, GEORGE TADEU NUNES DINIZ¹, CONSTÂNCIA FLÁVIA JUNQUEIRA AYRES LOPES¹
1. IAM - FIOCRUZ/PE - Instituto Aggeu Magalhães - Fundação Oswaldo Cruz, Pernambuco, 2. UFPE - Núcleo de Ciências da Vida, Centro Acadêmico do Agreste, Universidade Federal de Pernambuco, Caruaru
mcrespoz@cpqam.fiocruz.br

Arboviroses são doenças causadas por vírus transmitidos por artrópodes, as quais têm causado grandes impactos na saúde pública mundial. Envolvem muitas espécies de patógenos, destacando-se, entre esses, o vírus Zika (ZIKV), que foi introduzido no Brasil em 2013. Espécies do gênero Aedes são consideradas vetores de ZIKV. O envolvimento de espécies de outros gêneros, como Culex , por exemplo, tem sido pouco investigado, embora já tenha sido demonstrada sua eficiência na replicação do vírus. Compreender o processo de transmissão biológica de arbovírus é essencial para o controle da doença. Nesse sentido, este estudo se propôs a avaliar parâmetros da capacidade vetorial (fecundidade, fertilidade e longevidade) de duas colônias de laboratório: Culex quinquefasciatus (CqSLab) e Aedes aegypti (RecLab); e uma de Aedes aegypti natural de Recife – PE (AeCamp), expostas ao ZIKV, por alimentação artificial. Os experimentos e a manutenção das fêmeas, após infecção, se deram em infectório (NB2), sob condições controladas de temperatura e umidade. Utilizou-se, como base para este estudo, as taxas de infecção obtidas em trabalho prévio, publicado por este grupo de pesquisa, sendo essas estimadas em 83% e 90%, para CqSLab e RecLab, respectivamente. Mosquitos coletados no dia da exposição ao ZIKV apresentaram 1,78x10 ¹¹ ; 1,75x10 ¹¹ e 1,81x10 ¹¹ cópias de RNA viral por mL, respectivamente, para CqSLab, RecLab e AeCamp. Os dados mostraram que a longevidade das fêmeas expostas ao ZIKV aumentou significativamente (p = 0.019), para a colônia CqSLab, em relação àquelas não expostas. Porém, a fecundidade para as fêmeas expostas, da mesma colônia, foi significativamente menor (p = 0,023). Para a colônia RecLab, não se observou diferença significativa entre o grupo exposto e não exposto, com relação aos parâmetros avaliados. Na colônia AeCamp, as fêmeas expostas foram menos longevas (p = 0.0036). A mesma colônia também apresentou redução significativa  (p = 0.011) na fertilidade das fêmeas expostas. Concluiu-se que, de um modo geral, a exposição ao ZIKV, avaliada a partir de um evento de infecção, na dose e condições testadas, não foi capaz de alterar o desempenho biológico das colônias de laboratório das duas espécies estudadas, exceto com relação ao número de ovos de CqSLab. Por outro lado, a colônia AeCamp apresentou custo biológico em dois parâmetros avaliados (sobrevida e percentual de eclosão). Outros eventos de infecção serão realizados para confirmar os resultados apresentados.