TUBERCULOSE E DEPRESSÃO: RESULTADOS PRELIMINARES NO CENTRO MUNICIPAL DE SAÚDE DUQUE DE CAXIAS (RJ). |
A transição da infecção latente por Mycobaterium tuberculosis (MTB) para tuberculose (TB) ativa, assim como sua progressão clínica, dependem da competência imunitária do hospedeiro, que é influenciada pela idade, condições nutricionais e comorbidades como a infecção por HIV, diabetes mellitus, o transtorno depressivo maior (TDM), consumo de drogas imunossupressoras ou ilícitas. Entretanto, são escassos dados sobre a ocorrência de TDM durante o tratamento anti-TB. O fator psiquiátrico torna a interação entre as doenças mais complexas e, junto aos determinantes sociais, podem influenciar o desfecho do tratamento. Este estudo prospectivo e observacional tem como objetivo estimar a prevalência de TDM entre pacientes com provável TB pulmonar no momento da investigação diagnóstica inicial e descrever a evolução do TDM durante o tratamento dos casos de TB pulmonar diagnosticados. No período de 06/2017 a 04/2018, foram elegíveis os sintomáticos respiratórios (SR) atendidos no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias-RJ. Os instrumentos aplicados foram PHQ-9, M.I.N.I PLUS e ASSIST em pacientes de 18 a 65 anos. Foram excluídos os sujeitos que não assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, não realizaram os exames bacteriológicos, e eram portadores de micobactérias atípicas. Foram incluídos 120 SR, a idade média foi de 42,3 anos (DP ± 17,0), a maioria dos pacientes era do sexo masculino (66,0%) e com nível de escolaridade < 8 anos (63%); 12 (10%) eram HIV positivos e uso de álcool e drogas ilícitas foi referido por 53 (54%) e 17 (14%), respectivamente. TB foi diagnosticada em 66 (55%) sujeitos, por meio do teste molecular rápido ou cultura positiva para MTB. Na triagem com o PHQ-9, a prevalência de TDM foi similar entre pacientes com TB pulmonar ativa e pacientes sem TB: 26% vs. 34%, respectivamente. O M.I.N.I. PLUS, aplicado naqueles com PHQ-9 ≥ 10, confirmou o diagnóstico de TDM em 11% dos casos de TB e 15% de casos não TB. No segundo mês de tratamento anti-TB, nenhum paciente manteve o quadro de TDM dentre os que o apresentavam no início do tratamento. Com o aumento da amostra e o desenho prospectivo/observacional poderemos elucidar melhor a relação entre TDM e TB, ampliando nosso conhecimento sobre o tema e apontando para investimento em medidas que incluam a atenção integral a saúde (física e mental) visando ações mais efetivas contra a TB. |