ASPECTOS CLÍNICOS E RADIOLÓGICOS DE PACIENTES COM A ASSOCIAÇÃO TUBERCULOSE (TB) E DIABETES MELLITUS (DM) ATENDIDOS NO CENTRO MUNICIPAL DE SAÚDE DE DUQUE DE CAXIAS, RIO DE JANEIRO |
A tuberculose (TB) e o diabetes mellitus (DM) representam duas doenças de relevância epidemiológica mundial. Em 2015, 11% das mortes por TB entre pacientes HIV-negativos foram atribuídas ao DM. A associação TB-DM requer um manejo clínico mais complexo, em razão do quadro clínico atípico, da interação entre drogas e do prognóstico menos favorável. Em nosso meio são escassos os dados sobre as apresentações clínicas, laboratoriais e radiográficas de DM em pacientes com TB pulmonar (TBP). Entre setembro de 2016 e março de 2018, foi realizado um estudo prospectivo envolvendo pacientes com provável TB pulmonar (PTBP) atendidos no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, com o objetivo de estimar a prevalência de DM em PTBP e descrever as características clínicas, laboratoriais e radiológicas de pacientes com TBP e DM. Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, os pacientes com PTBP foram entrevistados e amostras de sangue foram coletadas. O diagnóstico de TBP foi baseado em cultura positiva para Mycobacterium tuberculosis . DM foi diagnosticado naqueles com hemoglobina glicada (Hg A1C) > 6,5%. Foram recrutados 122 PTBP com as seguintes características: homens (66,4%), pardos ou negros (81,1%), infecção por HIV (7,8%) e média de idade de 43,1 anos (DP ± 16,4). TBP e DM foram diagnosticados em 51,6% e 18,9% dos casos, respectivamente. Entre os pacientes com TBP, a prevalência de DM foi de 19,0% (12/63). Os pacientes com PTBP e DM eram mais velhos (média de idade 50,5 vs 41,4; p=0,02), apresentavam níveis elevados de leucócitos (média 10,12 vs. 8,44; p= 0,03), colesterol (179 vs. 157, p = 0,04) e triglicerídeos (143 vs 68; p= 0,03) quando comparados aos pacientes com PTBP sem DM. Não houve diferenças significativas entre os pacientes com TBP com ou sem DM quanto às características sociodemográficas, sintomas e exames laboratoriais. Entretanto, pacientes TBP sem DM apresentaram mais cavitações > 2 cm na radiografia de tórax do que pacientes TBP com DM (p= 0,04). Entre 99 pacientes sem DM, a intolerância à glicose (Hg A1C entre 5,7 e 6,4) esteve presente em 52,9% pacientes com TBP vs. 35,4% pacientes sem TBP (OR= 2,05; IC95% 0,91-4,60; p= 0,11). Conclusões: foi encontrada elevada prevalência de DM e de intolerância à glicose em pacientes com e sem TBP. Os aspectos clínicos e microbiológicos de pacientes TBP com e sem DM não diferiram significativamente, exceto pelo número de cavitações no radiograma torácico. |