Diagnóstico diferencial na Leishmaniose Visceral: relato de caso clínico
LETÍCIA BENEVIDES CAVALCANTE SOARES 1, RAFAEL LUCAS SIMÕES DOS SANTOS1, FELIPE PINHEIRO MENDES1, JORGE LUIS PIRES DE MORAES1, JOSÉ FRANCISCO IGOR SIQUEIRA FERREIRA1, LUANA CARLOS DE FREITAS1, MARIA EDUARDA CAVALCANTE PIRES DE CASTRO STUDART1, ANDREZA BRANDÃO THEOPHILO LIMA1, RENAN LOPES VASCONCELOS1, MARCOS VINÍCIUS BEZERRA LOIOLA1, NATANAEL PONTE DE OLIVEIRA1, MARCELO ARAÚJO GUANABARA1
1. UFC - Universidade Federal do Ceará
leticiacavalcante-@hotmail.com

A Leishmaniose Visceral é uma parasitose endêmica da zona norte do Ceará. Apesar do quadro associado à febre, hepatoesplenomegalia, perda de peso e pancitopenia, é importante observar outros sintomas que podem estar presentes devido à imunossupressão, deixando-o mais suscetível à outras infecções. Um exemplo seria um paciente que inicia quadro de pneumonias recorrentes devido à leucopenia, apresentada antes da hepatomegalia, dificultando diagnóstico e postergando o início do tratamento. O presente caso ilustra esta situação: paciente masculino, 42 anos, cortador de pedras há 20 anos, natural e procedente de Crateús-CE. Admitido no Hospital Regional Norte (HRN), apresentando dispneia a pequenos esforços (MMRC 3), associada à dor retroesternal de forte intensidade (9/10), perda ponderal considerável (mais de 10% do peso habitual), edema em MMII (3+/4+), febre persistente (39ºC), sudorese, astenia e anemia diagnosticada, após internação prévia de 15 dias no Hospital de Messejana - sendo negativo para tuberculose - e 8 dias no Hospital São Lucas em Crateús. Neste, medicado com levofloxacino após diagnóstico de pneumonia refratária ao tratamento e progressiva piora da sintomatologia, pico hipertensivo e anemia grave, necessitando de 2 concentrados de hemácias. Diagnosticado com insuficiência renal aguda (IRA) e anasarca com elevação da taxa de ureia (127%) e creatinina (270%), levando-o à hemodiálise. No HRN, foi investigado devido à hepatoesplenomegalia (baço a 3 cm do rebordo costal esquerdo e hepatimetria de 15 cm) e pancitopenia grave, sendo reativo à leishmaniose visceral, tratado com anfotericina B por 10 dias e recebeu 3 concentrados de hemácias. Continuou diálise e foi medicado com ceftriaxona e furosemida. Nesse contexto, é necessário valorizar o diagnóstico diferencial de leishmaniose, atentando-se para manifestações clínicas atípicas. Também deve-se valorizar outras hipóteses, que confundem e dificultam o diagnóstico, uma vez que o ofício do paciente relatado e a sintomatologia geral seria mais indicativa de silicose, não sendo devidamente investigada, sem identificação da etiologia da IRA. Há evidências de uma possível falha no serviço hospitalar ocasionada por falta de análise aprofundada da função hepática do paciente, buscando apenas tratamento sintomático. Posto isso, ratifica-se a necessidade de investigar a evolução do quadro e busca do diagnóstico, analisando se há prognóstico letal devido aos erros na condução do caso.



Palavras-chaves:  Leishmaniose visceral , Pneumonia , Silicose, Insuficiência renal , Manifestação atípica