AVALIAÇÃO DA DISFAGIA DE CRIANÇAS COM SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VIRUS
ADRIANA SUELY DE OLIVEIRA MELO 2,1, VALÉRIA BRANDÃO MARQUIS2,1, ANA CLAUDIA MARTINS BRITO FURTADO DA COSTA2,1, JOSÉ GERALDO RIBEIRO GREGÓRIO2,1, HANNAH CAVALCANTE GUEDES PINHEIRO2,1, MARIANA BALBINO DA SILVA2,1, RAYSSA VIEIRA BRANDÃO FERREIRA2,1, JOUSILENE DE SALES TAVARES2,1, MELANIA MARIA RAMOS AMORIM2,1
1. UFCG - Universidade Federal de Campina Grande, 2. IPESQ - Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto
rayssavbf@gmail.com

Estudos com descrições clínicas de crianças portadoras de microcefalia associadas a Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV), apresentam a disfagia como sintoma relatado em um grande percentual desde os primeiros meses de vida. Objetivos : Descrever uma série de casos de crianças com SCZV avaliadas para disfagia através de propedêutica armada com videofluroscopia (VFD) e videoendoscopia da deglutição (VED). Desenho do estudo : Descritivo, retrospectivo, transversal. Métodos : Realizada análise descritiva dos resultados dos exames de VFD e VED da deglutição realizados em crianças portadoras de  SCZV. Resultados : Foram incluídos os resultados de 42 VFD (7 excluídos) e 60 de VED (4 excluídos), realizadas em 2017 e 2018. A média de idade das crianças na avaliação por VED foi de 26,3 meses ± 3,8 (15-32). Disfagia era queixa referida pelo responsável em 49 (81,7%) dos casos, 23 (38,3%) tinham antecedente de pneumonia, 5 (8,3%) já haviam usado sonda nasoenteral e gastrostomia estava presente em 4 (6,7%) dos pacientes avaliados por VED. Segundo a escala de Rosenbek, 27 (48,2%) apresentaram exame de VED normais, 23 (41%) apresentaram penetração laríngea e 8 (10,8%) aspiração laríngea, sendo um deles silente. Na VFD, segundo a classificação de O´Neil, encontramos a seguinte distribuição: 6 (17,1%) sem disfagia, 6 (17,1%) discreta, 9 (25,8%) discreta/moderada, 7 (20%) moderada e 7 (20%) moderada/severa. Nenhum caso apresentou disfagia severa a VFD. Discussão : Alguns estudos já descreveram a presença de disfagia em crianças com SCZV. Um estudo relatou alterações na deglutição em criança com idade entre 5-12 meses de idade com SCZV, com perímetro cefálico dentro da normalidade, a partir de propedêutica clínica não instrumental, e constatou a presença de disfagia em 10/13 (77%) dos pacientes. Outro, descrevendo a presença de alterações ortopédicas em crianças com SCZV em sua maioria associado a microcefalia, verificou a presença de disfagia em 86% dos casos. O principal estudo publicado até o momento, pela utilização de propedêutica clínica e instrumental através de VFD e VED neste grupo de pacientes, descreveu a presença de diferentes graus de disfagia em todos os nove pacientes incluídos na pesquisa com faixa etária entre 2 e 7 meses de idade. Conclusão : Disfagia tem alta prevalência em crianças com SCZV e a avaliação e conduta multidisciplinar pode ajudar no diagnóstico e manejo desses casos.



Palavras-chaves:  Anormalidades Congênitas, Broncopneumomia, Microcefalia, Transtornos de Deglutição, Zika vírus