COINFECÇÃO TUBERCULOSE-HIV E MORTALIDADE NO ESTADO DE PERNAMBUCO, BRASIL |
Nos países endêmicos para tuberculose (TB), a epidemia de HIV/AIDS foi responsável pelo aumento de novos casos da doença. A infecção por HIV pode ser considerada um dos principais fatores de risco que faz com que um indivíduo com TB latente desenvolva TB ativa, apresentando taxas de mortalidade 2,4 a 19,0 vezes mais elevadas que os indivíduos sem infecção pelo vírus. Estudos apontam que condições propícias como uma população empobrecida e serviços públicos desestruturados contribuem para a prevalência dessa coinfecção no Brasil, em especial na região Nordeste. O presente estudo buscou descrever aspectos da mortalidade relacionada coinfecção tuberculose-HIV no estado de Pernambuco, Brasil. Trata-se de um estudo descritivo dos casos confirmados de tuberculose coinfectados com HIV, independentemente de terem desenvolvido AIDS, a partir de dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A população desse estudo constituiu-se de todos os casos diagnosticados em residentes no estado de Pernambuco nos anos de 2008 a 2017. Foram incluídos os pacientes com diagnóstico confirmados de tuberculose e sororreagentes para o HIV. As variáveis estudadas para os casos de coinfecção foram: ano da notificação e situação de encerramento. Os dados foram analisados utilizando-se da estatística descritiva. Foram notificados 54.123 casos de tuberculose no estado de Pernambuco nos últimos 10 anos. Desse total, 6.400 casos apresentavam coinfecção tuberculose/HIV, o que corresponde ao percentual de 11,8% de coinfecção. Ocorreram 160 óbitos em indivíduos coinfectados pela tuberculose e HIV, o que perfaz uma taxa de letalidade de 2,5%. Os resultados encontrados neste estudo revelam que o estado de Pernambuco apresentou um percentual elevado de coinfecção TB/HIV (11,8%) quando comparado a outros estados da região nordeste nesse mesmo período de tempo, como a Paraíba (8,4%). Levando em consideração a atuação do HIV na progressão da tuberculose, estes dados evidenciam a relevância dessa coinfecção como uma comorbidade de grande impacto na saúde pública. Apesar de ser uma doença passível de prevenção e cura, a tuberculose ainda constitui fonte de preocupação no cenário brasileiro, sobretudo pela sua determinação social. Buscando-se reduzir a vulnerabilidade social e consequente risco aumentado de morte em pacientes HIV soropositivos com tuberculose, os Programas de Controle de TB devem fortalecer suas estratégias focando nos cuidados em saúde nessa população. |