TRATAMENTO COMBINADO DE SULFADIAZINA E PIRIMETAMINA REDUZ NÚMERO DE CISTOS NO CÉREBRO DE ANIMAIS CRONICAMENTE INFECTADOS POR Toxoplasma gondii
LEDA MARGARITA CASTAÑO BARRIOS 1, THAYSE DO ESPÍRITO SANTO PROTASIO DA SILVA1, ANDREA ALICE DA SILVA1, NEIDE MARIA DA SILVA1, JOSELI LANNES-VIEIRA1
1. IOC/FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz , 2. UFF - Universidade Federal Fluminense, 3. UFU - Universidade Federal de Uberlândia
leda.barrios@ioc.fiocruz.br

T oxoplasma gondii é um parasito intracelular obrigatório de importância médica e veterinária pela sua capacidade de infectar aves e mamíferos, distribuição cosmopolita e alta prevalência mundial, tanto em humanos quanto animais. Na fase crônica da infecção, este parasito forma cistos teciduais principalmente no cérebro. Em processos de imunocomprometimento, a reativação desses cistos pode levar à encefalite toxoplásmica, que pode ser fatal. Os cistos são protegidos do sistema imunológico, sendo proposto serem inacessíveis às drogas usadas no tratamento da infecção, o que pode contribuir para a manutenção da fase crônica da infecção. Os dados da literatura sobre a ação de sulfadiazina e pirimetamina no controle de cistos são controversos. O objetivo do presente estudo foi avaliar a susceptibilidade de cistos cerebrais de T. gondii (cepa cistogênica ME-49, tipo II) em camundongos à terapia convencional combinada usando sulfadiazina (S) e pirimetamina (P). Camundongos C57BL/6 fêmeas (4-6 semanas) foram infectados por via oral por gavagem com 5 cistos. Os animais foram tratados na fase crônica da infecção (30 dias pós-infecção) durante 30 dias com a combinação de sulfadiazina e pirimetamina por via oral a doses de 100 mg/Kg e 4 mg/Kg, respetivamente. Posteriormente, foi avaliada a mortalidade e a presença de cistos cerebrais. No período de teste não se observou mortalidade. Contudo, observamos redução de 75,3% do número de cistos cerebrais (veículo 1112 ± 736; S+P 275 ± 215; p < 0,05). Segundo a literatura, o protocolo terapêutico com sulfadiazina e pirimetamina para toxoplasmose apresenta bom desempenho na fase aguda, inibindo a replicação dos taquizoítos. Porém, tem sido reportada ineficiência durante a fase crônica, levando à persistência de cistos no cérebro, devido ao baixo nível de concentração terapêutica da droga neste tecido. Alguns autores têm reportado falha terapêutica, assim como cepas de T. gondii com menor susceptibilidade ao tratamento S+P. Nossos resultados sugerem eficácia da terapia com associação de sulfadiazina e pirimetamina na redução de cistos cerebrais em camundongos cronicamente infectados com a cepa ME-49. Contudo, não houve eliminação total dos cistos, que poderiam ser fonte de reativação em caso de imunocomprometimento.
 



Palavras-chaves:  Neurotoxoplasmose, pirimetamina, sulfadiazina, terapia combinada