ABORTO EM GESTANTES COM QUADRO EXANTEMÁTICO DURANTE EPIDEMIA DE ZIKV EM MANAUS, 2016.
FLOR ERNESTINA MARTINEZ-ESPINOSA1,2,3, ELIJANE DE FÁTIMA REDIVO1,2,3, CAMILA HELENA BÔTTO-MENEZES1,2,3, MARCIA CASTILHO1,2,3, GRAÇA SARAIVA1,2,3, SALETE SARA ALVAREZ FERNANDES1,2,3, MARIA DAS GRAÇAS COSTA ALECRIM1,2,3
1. FMT HVD - FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR HEITOR VIEIRA DOURADO, 2. ILMD FIOCRUZ - INSTITUTO LEÔNIDAS E MARIA DEANE , 3. PPGMT (FMT/UEA) - PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL , 4. UEA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, 5. FAMETRO - FACULDADE METROPOLITANA DE MANAUS
florespinosa@gmail.com

Durante 63 semanas epidemiológicas entre dezembro de 2015 e janeiro de 2017, houve em Manaus mais de 1200 casos notificados e 500 casos confirmados por RT-PCR de infecção por ZIKV em gestantes, acometendo respectivamente cerca de 3% e 1% das gravidezes que terminaram com recém-nascidos vivos durante o período. A infecção teve consequências graves nos conceptos das mulheres acometidas em todo o país, mas especialmente no Nordeste brasileiro onde a microcefalia foi um dos achados mais temidos. Na FMT-HVD, uma equipe multiprofissional acompanhou as mulheres com quadro exantemático representado cerca de 65% e de 63% das mulheres notificadas e confirmadas no Municipio, respectivamente. Este estudo descreve a evolução para aborto em pacientes que apresentaram doença exantemática na casuística. A partir da procura por atendimento na FMT-HVD, hospital de referencia para doenças infecciosas no Estado, foi construída uma coorte de mulheres auto definidas como gestantes sendo a gestação confirmada em 91% da casuística de um total de 834 mulheres avaliadas. Neste corte, foi considerado como exposição a confirmação da infecção por ZikV e como desfecho o aborto definido aqui como a interrupção da gestação na primeira metade. Oito mulheres tiveram interrupção da gestação na primeira metade da mesma sendo seis delas RT-PCR positivas para ZIKV (incidência de 1,89% em RT-PCR positivas); em duas não foi possível identificar uma causa para o quadro exantemático (incidência de 0,55% entre as RT-PCR negativas) (0,7< RR: 3,4<17,5 p>0,1). A média de idade deste grupo foi de 31,62 ± 7,66 variando de 18,4 a 44,6. Todos os casos se apresentaram entre as semanas epidemiológicas 13 e 27 de 2016. A maioria estavam na semana 8 de gestação. Foram testadas para ZIKV, Dengue e S. de Torch sendo que em duas delas não foi detectada nenhuma infecção, seis positivas somente para ZikV sendo que uma delas apresentou quadro precedente de malária também no inicio da gestação. Nossos achados evidenciam que entre uma gestante de alto risco (dado que todas apresentaram quadro exantemático com potencial dano para a gestante e seu concepto) aborto foi um evento mais de três vezes maior em quem teve ZIKV confirmada. A falta de confirmação estatística do achado pode se dever ao risco associado à causa do exantema em aquelas em que a infecção não foi confirmada.



Palavras-chaves:  ABORTO, Doença exantemática, Gestantes, Região Amazônica Brasileira, ZIKV