ANOMALIA CONGÊNITA: EVENTO SENTINELA PARA DOENÇAS INFECCIOSAS NO RECÉM-NASCIDO
MARÍLIA TEIXEIRA DE SIQUEIRA 1, GUSTAVO DE OLIVEIRA DA SILVA1, INGRID STEFANNE MELLO LOPES1, MATHEUS HENRIQUE SILVA ALBUQUERQUE1, NATHALIA DE CARVALHO PEIXOTO1, RODRIGO ANTÔNIO TORRES STAMM1
1. FCM - UPE - Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco
MSMARILIATS70@GMAIL.COM

A epidemia de microcefalia no Brasil, que atingiu, sobretudo, o Nordeste (2015-16), trouxe enorme desafio ao setor saúde para identificar sua etiologia. O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), implantado na década de 1990, possui entre suas variáveis o registro da presença e a descrição da anomalia congênita (AC). AC é evento raro e decorrente de múltiplas causas. Doenças infecciosas, como sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, herpes congênitos e a síndrome do vírus zika podem cursar com AC (micro/hidrocefalia, microftalmia, micrognatia, criptorquidia, anomalia de vasos), detectadas na vida intrauterina e/ou ao nascimento. Objetivou-se analisar as AC detectadas no SINASC por município, micro e mesorregião de Pernambuco como evento sentinela para doenças infecciosas. Realizou-se estudo transversal, através da seleção de todos os nascidos vivos (NV) com e sem AC por município, micro e mesorregião de residência materna em Pernambuco, 2007 a 2016. Foram calculadas as prevalências de AC e de anomalias do sistema nervoso (ASN), exceto espinha bífida, e georreferenciadas nesses territórios. A prevalência de AC entre NV em Pernambuco ficou em torno de 0,8% (2007-13), ultrapassou 1% em 2014 e, em 2016, chegou a 9,6%. Entre as mesorregiões a Região Metropolitana de Recife (RMR) concentrou maiores valores (10.364; 43,2%) e o Sertão os menores (1.030; 4,3%). Por microrregião, as maiores frequências de AC foram Recife (9.169), Vale do Ipojuca (1.415), Petrolina (950), Mata Setentrional (735) e Araripina (354). Recife foi o município com maior número de AC (4.317). Em se tratando das ASN, a RMR apresentou pior resultado (703; 42,7%) e a menos atingida foi o Vale de São Francisco (117; 7,1%). As microrregiões com mais ASN foram: Recife (616), Vale do Ipojuca (167), Mata Setentrional (125), Araripina (87) e Petrolina (80). Observou-se a maior frequência de ASN em Recife (273). Tais resultados fortalecem o potencial do SINASC como fonte de monitoramento de AC, embora apenas 30% dos casos de microcefalia em Recife tenham sido identificados no SINASC entre agosto/2015 e maio/2016, por ocasião da circulação do vírus Zika. Dentre as vantagens do SINASC tem-se: cobertura universal; facilidade de preenchimento; sensibilidade e especificidade identificadas com a epidemia de microcefalia no Estado. Para tal, é necessária a capacitação das equipes de pré-natal e de parto, bem como o suporte das vigilâncias epidemiológicas municipal e regional.



Palavras-chaves:  anomalia congênita, doenças infecciosas, nascidos vivos