RESISTÊNCIA PRIMÁRIA À TARV EM GESTANTE: RELATO DE CASO
ANDRÉ LUCIANO DE ARAÚJO PRUDENTE1, ADRIAN LUCCA GUIMARÃES CALDEIRA 1, EUGÊNIO FRANÇA DO RÊGO1, LUCAS AMADEUS PORPINO SALES1, BRUNO FERNANDES DE SOUSA1, CAIO LUCAS BATISTA ABRANTES1, MARIA TAMYRES DE CARVALHO FREITAS 1, BRUNO FERNANDES DE SOUSA1, CAIO JONAS DE OLIVEIRA ABRANTES1
1. UFRN - Departamento de Infectologia, Instituto de Medicina Tropical, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil.
adrianlucca7@gmail.com

A TARV (Terapia Antirretroviral) é utilizada em portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) a fim de melhorar a qualidade de vida dessa população, bem como diminuir os índices de morbidade e mortalidade relacionados à infecção e a outras comorbidades relacionadas. A progressão da doença em decorrência do acúmulo de mutações de resistência a essas drogas é uma das preocupações alarmantes na TARV. Nesse sentido, reporta-se o caso de uma paciente do sexo feminino de 27 anos em vigência da 20ª semana de gravidez (G1P0A0), recebida no Hospital Giselda Trigueiro para realizar sorologia para HIV por recomendação do médico do seu marido, que estava internado com quadro clínico-radiológico-laboratorial compatíveis com pneumocistose. As sorologias do casal foram reagentes através de dois testes ELISA e um Western Blot para cada. Chama atenção o fato de esses exames não terem sido realizados previamente durante o acompanhamento pré-natal da paciente gestante. Como recomendado para ela, foi realizada genotipagem pré-tratamento e, em seguida, foi iniciada TARV com tenofovir, lamivudinia e raltegravir. A contagem inicial de CD4+ era de 327 células/m³, de CD8+ era de 890 células/m³, a relação CD4+/CD8+ era de 0,37 e a quantificação de carga viral foi de 32.059 cópias/ml (log=4,50). A genotipagem detectou as mutações 103S e 190A, as quais conferiram resistência plena da cepa viral aos inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídeo (ITRNN), como efavirenz (EFV). O EFV é contraindicado na gestação pelo risco de indução de anomalias congênitas, como anencefalia e lábio leporino, por isso não foi usado no tratamento inicial. A genotipagem permitiu detectar esse perfil de resistência na cepa viral da portadora, com posterior investigação genotípica para detecção de mutações de resistência virais no cônjuge, também indicadora das mesmas mutações. Trata-se de um caso de resistência primária plena aos ITRNN detectado a partir da genotipagem pré-tratamento de uma paciente gestante em que o acompanhamento pré-natal falhou em fazer o diagnóstico de portadora do HIV. Ademais, a classe de drogas à qual a cepa viral em discussão é resistente não é adequada para TARV na gestação, embora a genotipagem pré-teste na paciente tenha ajudado a guiar a TARV em seu cônjuge.



Palavras-chaves:  HIV, resistência, Terapia Antirretroviral Alta Atividade