ESPOROTRICOSE LINFOCUTÂNEA COM ENVOLVIMENTO OCULAR: RELATO DE CASO DURANTE SURTO EM NATAL- RN
EVELINE PIPOLO MILAN1, MANOELLA DO MONTE ALVES1, EDUARDO TEODORO GURGEL DE OLIVEIRA1, HARETON TEIXEIRA VECHI1, GUILHERME MARANHÃO CHAVES1, CAIO JONAS DE OLIVEIRA ABRANTES1, ADRIAN LUCCA GUIMARÃES CALDEIRA 1, MARIA TAMYRES DE CARVALHO FREITAS 1, CAIO LUCAS BATISTA ABRANTES1, BRUNO FERNANDES DE SOUSA1, LUCAS AMADEUS PORPINO SALES1
1. UFRN - Departamento de Infectologia, Instituto de Medicina Tropical, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil., 2. UFRN - Laboratório de Micologia Médica e Molecular, Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil.
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Esporotricose é uma micose subaguda ou crônica comumente adquirida por trauma transcutâneo e inoculação do fungo do complexo Sporothrix schenkii. A infecção geralmente se caracteriza por ferimento e formação de cordão linfonodal local. Contudo, a doença na sua forma extra cutânea pode abranger outros sítios como vísceras e olho. Nas últimas décadas, surtos têm sido descritos em algumas cidades brasileiras, incluindo Natal no Rio Grande do Norte. Nesta localidade, a partir de dados obtidos no ambulatório de doenças fúngicas do Hospital Giselda Trigueiro (HGT) centro de referência para o tratamento de doenças infecciosas do estado, desde outubro de 2016, foram registrados um total de 24 casos. Aqui, relatamos um caso de uma mulher de 45 anos, sem comorbidades, doméstica, natural e procedente de Natal, que buscou atendimento queixando-se de dor, prurido e lacrimejamento em olho direito há 15 dias. Evoluiu 8 dias depois, com dor em membro superior direito, acompanhada de máculas hiperemiadas e lesões ulceradas com bordas sobrelevadas em face anterior do antebraço esquerdo, com linfonodos palpáveis em cadeia epitroclear e em cadeia axilar, ipsilaterais. Relatou contato com gato que apresentava ferimentos pelo corpo e que ela vinha tratando com pomadas, porém negava mordida ou arranhadura. Foram realizados exame direto e cultura para fungo de duas amostras, uma da secreção de lesão no punho, outra da secreção ocular. Ao exame direto da amostra da lesão do punho foram observadas células leveduriformes (blastoconídeos) em forma de charuto e na cultura cresceu fungo pertencente ao complexo Sporothrix schenkii. No exame da secreção ocular, não foram observadas estruturas fúngicas no exame direto, tampouco houve crescimento fúngico na cultura. Foi então iniciado tratamento com Itraconazol 200mg 1x/dia, com melhora das lesões de antebraço e ocular após 15 dias de tratamento. Trata-se de um caso peculiar pelo acometimento ocular em paciente imunocompetente, além da ausência de relato de traumatismo cutâneo. Levantando-se a discussão quanto outras formas de transmissão do fungo, como inoculação em mucosa sem que tenha havido trauma.



Palavras-chaves:  esporotricose, itraconazol, Sporothrix