ESPOROTRICOSE: ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DURANTE SURTO DE CASOS EM NATAL
EVELINE PIPOLO MILAN1, MANOELLA DO MONTE ALVES1, EDUARDO TEODORO GURGEL DE OLIVEIRA1, HARETON TEIXEIRA VECHI1, GUILHERME MARANHÃO CHAVES1, ADRIAN LUCCA GUIMARÃES CALDEIRA 1, LUCAS AMADEUS PORPINO SALES1
1. UFRN - Departamento de Infectologia, Instituto de Medicina Tropical, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brazil., 2. UFRN - Laboratório de Micologia Médica e Molecular, Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil.
manumontealves@gmail.com

A esporotricose é uma infecção crônica ou subaguda causada por fungos termolábeis do complexo Sporothrix schenkii, cuja transmissão ocorre em geral por inoculação do agente na pele. Dessa forma, classicamente afeta tecidos cutâneos e seus anexos, ocasionando ferimentos com formação de cordão linfonodal, podendo em indivíduos imunocomprometidos se apresentar com manifestações em outros órgãos. O gato é o principal animal acometido pela doença e, quando doente, a principal fonte de transmissão para humanos. Desde 2016, tem-se registrado um aumento crescente do número de casos e de internações relacionadas à doença em diversos estados do Brasil. Este trabalho tem por objetivo demonstrar os aspectos relacionados à transmissão, apresentação clínica e tratamento dos primeiros casos detectados durante surto em Natal-RN, e atendidos no ambulatório de doenças fúngicas do Hospital Giselda Trigueiro, centro de referência em moléstias infecciosas no Rio Grande do Norte. Desde outubro de 2016, foram atendidos um total de 24 casos, sendo 19 em mulheres (79,16%), a média de idade na população geral foi de   48,3 (± 13,8) anos.  A forma de exposição ao fungo foi registrada em 22 pacientes (91,7%), sendo as agressões ou arranhaduras por gatos as principais, encontradas em 16 pacientes (72,27%). A forma clínica de apresentação mais prevalente foi a linfocutânea, encontrada em um total de 14 pacientes (58,3%), seguida pela forma cutânea fixa, demonstrada em 7 pacientes (29,2%). A confirmação do diagnóstico por meio de cultura de material obtido das lesões ocorreu em 16 pacientes (66,7%), e o diagnóstico com base em critérios exclusivamente clínicos e epidemiológicos foi realizado em outros sete pacientes (29,16%). O tratamento antifúngico mais empregado foi itraconazol (83,3%), havendo desfecho de cura confirmado em todos os pacientes atendidos. Conclui-se que os casos detectados no surto de esporotricose em Natal se apresentaram com manifestações clínicas e com mecanismos de transmissão clássicos. Sendo assim, o principal desafio está no diagnóstico e contenção da doença na população de felinos, além do destino correto dos animais abandonados e mortos.



Palavras-chaves:  esporotricose, Sporothrix, itraconazol