SÍNDROME DRESS EM GESTANTE COM TOXOPLASMOSE SIMULANDO ARBOVIROSES: RELATO DE CASO |
Introdução: A síndrome DRESS (do Inglês: Drug reaction with eosinophilia and systemic symptoms) é uma entidade subdiagnosticada, apesar da sua importância na prática clínica pela similaridade com outras patologias, dentre elas as arboviroses. O médico deve incluir a síndrome DRESS no diagnóstico diferencial de todo paciente febril com rash, pois o prognóstico pode ser reservado e potencialmente fatal, sobretudo nos casos identificados tardiamente. Objetivo: relatar um caso de síndrome DRESS em paciente com suspeita de arbovirose, evidenciando as principais diferenças clínicas entre essas patologias. Desenho do estudo: relato de caso. Métodos: revisão do prontuário. Resultados: paciente do sexo feminino, 29 anos, sem morbidades prévias, gestante do segundo filho (28 semanas), recebeu o diagnóstico de toxoplasmose e iniciou o tratamento com sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico. Após quatro semanas, relatou febre, mialgia, artralgia e rash. Ao exame físico, estava em bom estado geral; prova do laço negativa; apresentava exantema macular difuso, sem progressão característica e sem acometer mãos e pés. O hemograma, VDRL, FTA-ABs, HIV, e demais sorologias para doenças exantemáticas, arboviroses e hepatites virais estavam normais. Em virtude da forte epidemiologia, foi conduzida como provável arbovirose, porém não obteve melhora. Os novos exames revelaram eosinofilia de 11%, além de transaminases tocadas. Foi levantada a hipótese de Síndrome DRESS secundária à sulfa, a qual foi substituída por corticoterapia, evoluindo com melhora progressiva. Na semana 35, o parto ocorreu sem intercorrências. Discussão: a síndrome DRESS decorre de reações de hipersensibilidade, destacando-se os derivados da sulfa. O quadro clínico é inespecífico, e pode incluir febre, artralgia e mialgia, fazendo diagnóstico diferencial com as arboviroses. Entretanto, caso a medicação suspeita não seja suspensa, o quadro progride ao longo de semanas, podendo evoluir para acometimento visceral, como hepatite. Ao contrário das reações alérgicas mais simples, as manifestações são tardias (após 2-4 semanas). A suspensão da droga relacionada à hipersensibilidade e o início da corticoterapia são fundamentais para evitar desfechos fatais. Conclusão: pacientes que usam derivados da sulfa e que procuram o pronto-socorro com quadro arrastado de febre, mialgia, artralgia e eosinofilia, sem sangramentos e com prova do laço negativa, devem ter a síndrome DRESS no diagnóstico diferencial. |