ROSÁCEA OCULAR SIMULANDO INFECÇÃO HERPÉTICA – RELATO DE CASO |
Introdução: Alterações oculares são potencialmente graves. A presença de vesículas pode ser sugestiva de infecção herpética, porém não é patognomônico. O médico assistente deve estar atento ao amplo diagnóstico diferencial, dentre eles a rosácea ocular, uma entidade subdiagnosticada, sobretudo quando suas manifestações não são acompanhadas por outros achados na pele. Objetivo: relatar um caso de rosácea ocular que clinicamente simulou uma infecção por herpes simples para alertar aos clínicos e especialistas sobre este importante diagnóstico diferencial. Desenho do estudo: relato de caso. Métodos: revisão do prontuário. Resultados: paciente de 30 anos, sexo feminino, recepcionista, sem morbidades prévias, procurou atendimento devido dor e vesículas pustulosas na região periorbitária direita há 1 dia. Acompanhando o quadro, havia hiperemia conjuntival e edema palpebral. Negou pródromos e outros sinais e sintomas, como febre, cefaléia, náuseas, parestesias na face, déficit na acuidade visual, queixas na cavidade oral e região genital. O médico assistente considerou a hipótese de herpes ocular, e prescreveu aciclovir. Após uma semana, o quadro progrediu para o olho contralateral. Ao exame oftalmológico, a córnea não apresentava úlceras, e a pressão intraocular e a fundoscopia estavam normais. O hemograma, FTA-ABs, VDRL e a sorologia para HIV não revelaram alterações. Neste momento, foi levantada a hipótese de rosácea ocular bilateral, e o tratamento foi substituído por macrolídeo e prednisona por uma semana, com melhora importante do quadro. Discussão: Rosácea ocular pode preceder as manifestações cutâneas em 20% dos casos, acometendo adultos e crianças. O quadro clínico é inespecífico, e pode incluir pústulas, blefarite, calázio e conjuntivite. Apesar da paciente relatada não ter realizado exames específicos para herpes simples, a ausência de pródromos e de úlceras de córneas, bem como a evolução subaguda e ausência de resposta com o antiviral, reduziram a possibilidade de infecção herpética, a qual é potencialmente grave na forma de ceratite. O tratamento da rosácea ocular, por sua vez, depende de antibióticos (macrolídeos, tetraciclinas) e anti-inflamatórios, com prognóstico geralmente bom. Conclusão: o surgimento de vesículas pustulosas perioculares, juntamente com hiperemia conjuntival e blefarite, de forma subaguda e sem úlceras corneanas, podem ser sugestivas de rosácea ocular, um importante diagnóstico diferencial de herpes ocular. |