EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO DE ERITROPOIETINA NA DOENÇA DE CHAGAS EXPERIMENTAL AGUDA E CRÔNICA
ANA CAROLINA DE CASTRO NOBRE1, FERNANDO PIMENTEL1, MÁRCIO BOTELHO DE CASTRO1, GEORGE MAGNO SOUSA DO RÊG1, LILIA FERNANDES ALVES.1, GIANE REGINA PALUDO1, TAIS MILENE SANTOS DE PAIVA1, NADJAR NITZ SILVA LOCIKS DE ARAÚJO1, MARIANA MACHADO HECHT1, BRUNO STÉFANO LIMA DALLAGO1, LUCIANA HAGSTRÖM1
1. UNB - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
tais. millene@hotmail.com

A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, afeta cerca de sete milhões de pessoas em todo o mundo. A manifestação clínica mais importante é a cardiomiopatia chagásica que acomete cerca de 30% dos indivíduos com a infecção crônica. As drogas tripanocidas, apesar de reduzirem a parasitemia, não são capazes de impedir o aparecimento das lesões no coração. Desta forma, não existe tratamento eficaz. A eritropoietina (Epo), glicoproteína que regula a produção de eritrócitos, também possui efeito cardioprotetor reduzindo o processo de apoptose, inflamação e isquemia do miocárdio. Contudo, não se sabe se a Epo pode ser usada como ferramenta terapêutica nas infecções pelo T. cruzi. Assim, este estudo visa investigar o possível efeito cardioprotetor da Epo na doença de Chagas. Camundongos foram divididos em cinco grupos: não infectados e não tratados; infectados pelo T. cruzi e não tratados; tratados com Epo antes da infecção (EpoI); infectados e tratados com Epo na fase aguda (IEpoA) e infectados e tratados na fase crônica (IEpoC). Os animais foram infectados com 105 parasitos. Os camundongos tratados receberam 2000 U/kg de Epo em dias alternados: durante 30 dias antes da infecção para o grupo EpoI (efeito protetor); do 1º ao 30º dia pós-infecção (dpi) para o grupo IEpoA e do 120º ao 150º dpi para o grupo IEpoC (efeito terapêutico). Os animais foram eutanasiados com 180 dpi. A atividade de marcadores de lesão cardíaca (creatina quinase total–CKt e a fração miocárdica–CKMB) foi medida em diferentes momentos. Análise histopatológica do coração foi realizada com 180 dpi, assim como a carga parasitária no sangue e no coração determinada por qPCR. A atividade da CKt nos animais que receberam Epo após a infecção foi mais baixa que nos outros grupos. Entretanto, a atividade da CKMB ao longo da infecção não foi diferente entre os animais tratados e não tratados. Foi observado que a administração de Epo reduziu a necrose de cardiomiócitos e a quantidade de infiltrado inflamatório multifocal. Não foi visto fibrose cardíaca em nenhum grupo. A qPCR foi positiva nos corações de todos os animais infectados sem diferença significativa entre os diferentes grupos. A carga parasitária sanguínea foi semelhante em todos os grupos que receberam Epo. Desta forma, parece que a administração de Epo não afeta o número de parasitos nos tecidos. Entretanto, os outros resultados sugerem um possível efeito cardioprotetor da Epo na doença de Chagas experimental.



Palavras-chaves:  Trypanosoma cruzi, tratamento, eritropoietina, camundongos