DERMATOFITOSE CONFUNDIDA E TRATADA COMO DOENÇA DE LYME
DAYVISON FRANCIS SARAIVA FREITAS1, ANTÔNIO CARLOS FRANCESCONI DO VALLE1, ROWENA ALVES COELHO1, MARIA HELENA GALDINO FIGUEIREDO DE CARVALHO1, MARCO AURÉLIO HORTA1, ELBA REGINA SAMPAIO DE LEMOS 1
1. INI/FIOCRUZ - Instituto Nacional de Infectologia/FIOCRUZ, 2. IOC/FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ
elemos@ioc.fiocruz.br

Considerada a infecção transmitida por carrapato mais comum nos Estados Unidos da América, a doença de Lyme (DL), causada por Borrelia burgdorferi e transmitida pelo carrapato do gênero Ixodes , vem sendo diagnosticada equivocadamente no Brasil, a partir de uma frágil evidência sorológica. Com mais de 4.000 casos suspeitos, segundo o Ministério da Saúde, até a presente data não há qualquer confirmação etiológica por isolamento ou caracterização molecular bacteriana nas amostras humanas. Diante da frequente confusão diagnóstica com uma série de doenças como sífilis, leptospirose, hepatite C, em especial com as dermatofitoses, faz-se necessário alertar para a fragilidade do diagnóstico da DL no território nacional. Relatamos o caso de uma estudante do sexo feminino, 18 anos, residente em Iguaba Grande/RJ, previamente hígida, que há cerca de um mês apresentou mácula eritematosa, arredondada, pruriginosa e algo descamativa no punho direito, seguida de lesões semelhantes nas pernas e coxas, em um total de sete lesões. Com a hipótese de DL foi iniciada doxiciclina e internação indicada para antibioticoterapia endovenosa, quando procurou nossa instituição. Diante da história, dos dados clínicos e epidemiológicos de contato com animais recuperados na rua, a hipótese de DL foi descartada e tratamento com terbinafina foi iniciado, com melhora parcial após 10 dias. O exame micológico direto foi negativo e a cultura evidenciou crescimento de Microsporum canis . Com a grande diversidade de manifestações clínicas da DL e o baixo valor preditivo dos testes sorológicos em áreas sem ocorrência de casos confirmados por isolamento ou análise molecular como no Brasil, o erro diagnóstico tem sido continuado e frequente, determinando, além de muita confusão no campo da saúde pública, iatrogenia e internações desnecessárias, especialmente em pacientes com lesões de pele eritemamaculares.



Palavras-chaves:  Dermatofitose, Diagnóstico Diferencial, Doença de Lyme