A SITUAÇÃO ATUAL DOS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CLAUDIO MACHADO2, MARCO AURÉLIO HORTA2, ELBA REGINA SAMPAIO DE LEMOS 2
1. IOC/FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, 2. IVB - Instituto Vital Brazil
elemos@ioc.fiocruz.br

Os acidentes por animais peçonhentos são um importante problema de saúde pública em diversas regiões do mundo e afetam principalmente a população pobre que reside em áreas rurais, com acesso limitado à educação e a serviços de saúde. Acidentes ofídicos atingem mais os trabalhadores da agricultura, incluindo crianças de 10-14 anos, que desde cedo são engajadas nesse mercado de trabalho. Estima-se de 2,5 a 2,7 milhões de acidentes, 250.000 vítimas com sequelas e 85.000 a 125.000 óbitos/ano apenas por serpentes no mundo, mas esses dados podem ser subestimados. No Brasil, onde se enfrenta desde 2014 uma crise de produção de soro devido à produção compartilhada, os acidentes mais notificados em 2017 foram: por escorpião (123.898), por aranhas (32.756) e serpentes (28.594). Com o objetivo de verificar a ocorrência dos acidentes por animais peçonhentos e a disponibilidade dos polos de atendimento no estado do Rio de Janeiro, dados dos acidentes com animais peçonhentos foram obtidos a partir da consulta online ao banco de dados disponibilizados publicamente no site do DATSUS/SINAN. Para análise dos resultados foi utilizado o software EXCEL 2016.  Os acidentes ofídicos foram os mais notificados (3850), seguidos por aranhas (2193) e escorpiões (2043), com aumento anual do número de notificações. Apesar do estado do Rio de Janeiro ter uma população quatro vezes maior do que a do Espírito Santo, o número de notificações de acidentes por animais peçonhentos no Rio de Janeiro foi três vezes menor do que o do estado capixaba. Em adição, foi possível verificar a expansão da área de ocorrência da cascavel e do escorpião, fato que aponta para a necessidade de se disponibilizar os soros específicos para estas regiões. Com a crise na produção de soros em 2017, o número de polos de atendimentos reduziu de 61 polos em 56 municípios para 25 polos em 22 municípios, aumentando, potencialmente, não só o tempo necessário para o atendimento desse agravo em boa parte do estado, mas também, como consequência, a letalidade e a presença de sequelas. As recentes mudanças no panorama dos acidentes por animais peçonhentos no estado precisam ser mais estudadas com a necessidade de pesquisas regionais que permitam avaliar a relação entre distribuição das espécies, notificações e distribuição de soros, além do treinamento frequente dos profissionais de saúde no que se refere à identificação correta dos acidentes e ao tratamento adequado.



Palavras-chaves:  acidentes, animais peçonhentos, Rio de Janeiro, saúde pública, serpénte