MÁ ADESÃO À TERAPIA ANTIRRETROVIRAIS: TAXA E FATORES CONTRIBUINTES ANTES E APÓS AS RECOMENDAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE DE 2015
LUCIANA REGINA DE BARROS PINHEIRO1, ANA LUCIA RIBEIRO VASCONCELOS1, ALETHEIA SOARES SAMPAIO 1
1. FIOCRUZ PE - Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
lrpinheiro@outlook.com

A infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) ainda representa grave problema de Saúde Pública. No Brasil, a partir de 2015, a terapia antirretroviral (TARV) é recomendada para todos os portadores de HIV, independentemente de sua situação imunológica, visando reduzir a transmissibilidade do vírus e promover reconstituição imune precoce com consequente redução da morbimortalidade por AIDS. Contudo, para que os benefícios da TARV sejam observados, e se evite o desenvolvimento de cepas virais resistentes, uma boa adesão à TARV é fundamental. Este estudo objetivou determinar a taxa de não adesão à TARV em adultos de um Serviço de Assistência Especializada (SAE) em Recife-Pernambuco, e identificar fatores contribuintes para a má-adesão (comportamentais, clínicos, imunológicos e virológicos), comparando portadores que iniciaram a TARV antes e depois de 2015. Realizou-se um estudo exploratório, transversal, utilizando dados de prontuários médicos, d o Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM) e do Sistema de Informação sobre Mortalidade, precedido de uma etapa de observação de campo para descrever a estrutura e organização do SAE. De 1.994 pacientes cadastrados no SAE e em uso de TARV, segundo o SICLOM, 1.248 iniciaram TARV até 2015 e 753 após esse ano. Desses, 427 estavam em atraso para retirada da TARV, e devido as exclusões (óbitos, transferidos, sem registro no SAE, prontuário não localizado) permaneceram para análise 275 pacientes. A taxa de má-adesão nos que iniciaram a TARV antes de 2015 foi 14,18% e para os que iniciaram após 2015 foi 13,14%. Os fatores associados à má-adesão, com significância estatística na análise bivariada foram: idade menor que 30 anos (p=0.0000); uso de drogas ilícitas (p=0.0036), tempo de diagnóstico ≤ 5 anos (p=0.0000); uso de outros medicamentos (p=0.0269), ter feito mais de um esquema de TARV (p=0.0000); e possuir níveis de linfócitos T CD4 + ≥ 500 células/mm³ (p=0.0000). Na análise multivariada permaneceram com significância estatística: tempo de diagnóstico ≤ 5 anos (p=0.0000); níveis de linfócitos T CD4 + ≥ 500 células/mm³ (p=0.0104) e uso de mais de um esquema de TARV (p=0.0164). Maior entendimento dos fatores envolvidos na má-adesão à TARV possibilita reflexões para ações concretas, estrategicamente direcionadas, principalmente aos usuários com maior vulnerabilidade para esse evento, a fim de reduzir morbimortalidade por Aids e a emergência de cepas virais resistentes.  



Palavras-chaves:  HIV , terapia antirretroviral de alta atividad, adesão à medicação, aids