DIAGNÓSTICO MOLECULAR DA DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA EM COORTE DE PACIENTES ATENDIDOS NO PROCAPE/UPE |
A doença de Chagas (DC), é uma endemia negligenciada que afeta cerca de 6-7 milhões de pessoas no mundo inteiro, principalmente na América Latina. A DC é causada pelo protozoário flagelado parasito Trypanosoma cruzi e caracteriza-se por possuir duas fases distintas: a fase aguda, com parasitemia patente, e a fase crônica, com parasitemia baixa e intermitente. Métodos moleculares, como a reação em cadeia da polimerase (PCR), são úteis na detecção do DNA do parasito, revelando a sua presença recente. A PCR convencional pode ser utilizada no diagnóstico de pacientes crônicos da DC e para identificar casos de falha terapêutica. Objetivamos realizar o diagnóstico molecular em um grupo de portadores de DC crônica (sorologia positiva), caracterizados clinicamente e demograficamente, nascidos e residentes no Estado de Pernambuco, e atendidos no “Ambulatório de doença de Chagas e Insuficiência Cardíaca do Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco” (PROCAPE/ Universidade de Pernambuco). Os pacientes foram classificados clinicamente nas formas indeterminada, cardíaca, digestiva e cárdio/digestiva. Foi realizada uma coleta de sangue periférico em tubo contendo EDTA. Guanidina-EDTA foi adicionada à amostra de sangue (v/v), seguido de fervura por 1 min e isolamento de DNA por kit (High Pure PCR Template Preparation Kit, Roche). Para a amplificação do kDNA utilizou-se o sistema Platinum TM Taq (Invitrogen), os oligonucleotídeos 121 (5’AAATAATGTACGGG(T/G)GAGATGCATGA3’) e 122 (5’GGTTCGATTGGGGTTGGTGA ATATA3’), como estabelecido por Morillo e colaboradores. Controles negativos foram usados para excluir possível contaminação da reação. O produto amplificado (330 pb) correspondente ao fragmento de kDNA esperado foi visualizado em gel de agarose 1,5%. Nossos dados preliminares, com o teste de 442 amostras em um grupo de 666 portadores da DC, mostram que 91/442 (20,6%) são positivos para a presença de DNA do T. cruzi. Dados da literatura apontam grande variabilidade percentual para o diagnóstico molecular em estudos com portadores crônicos da DC, estando o percentual encontrado em nosso estudo compatível com esta variação. Uma vez confirmado o diagnóstico molecular, temos como perspectiva a determinação da carga parasitária e caracterização genotípica do parasito, assim como o cruzamento com os dados clínicos, visando contribuir para o entendimento do papel do parasito no desfecho das formas clínicas da DC crônica. |