LEISHMANIOSE VISCERAL EM ÁREA DE BAIXA ENDEMICIDADE – DOENÇA SUBDIAGNOSTICADA EM ADULTOS
BIANCA COELHO DAMIN 1, ANA PAULA C. CARVALHO1, EZEQUIEL A. F. JUNIOR1, LARA MOREIRA DE OLIVEIRA1, LETÍCIA ROSSETTO DA SILVA CAVALCANTE1, EMANUELLE OLIVEIRA SOUZA1, PAULA VIEIRA REIS1, VINÍCIUS TADEU DIAS PEREIRA DE FARIA1, SUSANE MARAFON1, MAYANE EMANUELLE OLIVEIRA SOUZA1, JONATHAN ALLY DE ARRUDA E SILVA1, DANIELA ARAÚJO BARROS1, LEANNDRO MANSUR BUMLAI1, MÁRCIA HUEB1
1. HUJM - Hospital Universitário Júlio Muller
susim2@hotmail.com

Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é doença com altas letalidade e incidência no Brasil, sendo considerada emergente e de ampla distribuição. O diagnóstico é muitas vezes tardio devido aos sintomas pouco específicos como febre, hepatoesplenomegalia e consumpção, principalmente em áreas de transmissão esporádica ou moderada, como Cuiabá e cidades próximas, em que as unidades de saúde estão menos alertadas para seu diagnóstico. Descreve-se aqui uma série de casos de LV atendidos na referência estadual para leishmanioses. Metodologia e Resultados: Os pacientes foram atendidos no HUJM, no ambulatório ou em regime de internação, e os dados foram obtidos por avaliação retrospectiva de prontuários ou prospectivamente nos casos mais recentes. Relatam-se 10 casos atendidos entre 2015 e 2018, 9 do sexo masculino, faixa etária entre 18 a 76 anos (média de 39), com ocupação em ambiente rural em 60% (4 lavradores, 1 agrônomo e 1 moradora de assentamento rural), com tempo de sintomas entre 1 a 36 meses. Comorbidades relatadas incluíram HAS, hanseníase, tuberculose, Chagas, hiperplasia prostática e vitiligo, com 1 caso de HIV. Um paciente apresentou leishmaniose cutânea (LC) simultânea à LV. Em 40% o diagnóstico inicial foi outro; um com HD de evento adverso por tuberculostáticos; 2 com HD de linfoma, 1 deles submetido à esplenectomia; e, 1 caso com HD de sepse por foco pulmonar. Apresentaram hepatoesplenomegalia (90%), febre (80%), astenia e mialgia (50%), perda de peso (50%), epistaxe e hematêmese (20%); outros menos comuns foram tosse, dispneia e dor abdominal. Quanto aos exames laboratoriais, todos apresentaram citopenia, 90% com pancitopenia. Em 100% o aspirado de medula óssea foi positivo; 2 pacientes com teste rápido, positivo em ambos. Feito anfotericina B deoxicolato em 1 caso, evolução com nefrotoxicidade e mudança da medicação; anfotericina lipossomal em 7 (dose de 20-35mg/kg), Glucantime® em 2 (dose/dia de 18-20mg/kg). Os desfechos foram de cura clínica em 8, um óbito e 1 com perda do seguimento. Discussão: Houve predomínio em homens adultos, trabalhadores rurais, com diagnóstico tardio ou outros diagnósticos. A baixa endemicidade em nossa realidade, com consequente presença da doença em todas as faixas de idade, pode levar a um baixo reconhecimento da doença não considerada no  diagnóstico inicial mesmo na síndrome clínica clássica. Temos observado casos de lesão cutânea e doença visceral associada.



Palavras-chaves:  diagnóstico, leishmaniose visceral, hepatoespenomegalia