LEISHMANIOSE MUCOSA NASAL DE DIFÍCIL MANEJO E OSTEOMIELITE SECUNDÁRIA
BIANCA COELHO DAMIN 1, ANA PAULA C. CARVALHO1, EZEQUIEL A. F. JUNIOR1, WILLIAN B. PROENÇA-JR1, LARA MOREIRA DE OLIVEIRA1, LETÍCIA ROSSETTO DA SILVA CAVALCANTE1, LEANNDRO MANSUR BUMLAI1, MAYANE EMANUELLE OLIVEIRA SOUZA1, PAULA VIEIRA REIS1, SUSANE MARAFON1, MÁRCIA HUEB1
1. HUJM - Hospital Universitário Júlio Muller
biancacdamin@gmail.com

INTRODUÇÃO: A leishmaniose mucosa (LM) tardia é caracterizada por difícil manejo clínico e cronicidade. A lesão clássica acomete septo nasal cartilaginoso, com perfuração frequente. Envolvimento ósseo é raro ou não encontrado, exceto por complicações como infecção bacteriana. Aqui relata-se um caso de eventos raros associados a um quadro de LM de difícil diagnóstico. RELATO: Feminina, 55 anos, procedente de RO, tabagista e etilista, com história de sangramento nasal, destruição de septo, dores intensas em regiões maxilar e periorbitária, cefaléia constante e edema de face há 18 meses. Referia trauma em face há 23 anos, hipotireoidismo, sinusopatia recorrente e implantes dentários múltiplos em arcada superior; trazia sorologias e auto-anticorpos negativos, além de exames de imagem. Trazia biópsia nasal com laudo de processo inflamatório granulomatoso e extensamente necrotizante; esse dado, mais epidemiologia e clínica, indicavam o diagnóstico de leishmaniose, confirmado por PCR. Apresentava destruição de septo nasal e crostas hemáticas no assoalho da cavidade e edema de palato duro. Iniciado Glucantime® e pentoxifilina, mas na 7ª dose evoluiu com pancreatite e necessidade de internação. Apesar do tratamento reduzido, apresentou melhora importante das lesões, sem cura. Prescrito AmBisome® e após 4 meses, persistiam os sintomas, tinha edema periorbitário e lacrimejamento, hipertrofia gengival e extensão da lesão mucosa, com sangramento ativo. Retratada com AmBisome®, com persistência dos sintomas.  Uma nova TC de face mostrou processo infeccioso ósseo ativo e sinais de lise, destruição de cornetos nasais, pansinusopatia, e as alterações vistas no diagnóstico da LM. Optamos por internação com o esquema de melhor resposta, Glucantime® + pentoxifilina, e antibioticoterapia parenteral por 4 semanas; também sessões em câmara hiperbárica. Houve importante regressão dos sintomas associados à LM e regressão dos sinais de lesão óssea em TC de controle. CONCLUSÃO: Esse é um caso raro de leishmaniose mucosa complicada por osteomielite bacteriana. Acredita-se que a longa evolução da doença, associada a uma manipulação mal sucedida de implantes dentários múltiplos, tenha exposto a taba óssea que divide as cavidades oral e nasal à infecção bacteriana que encontrou meios para progredir em tecidos cronicamente inflamados. A inobservância desta complicação poderia conduzir a paciente ao óbito.



Palavras-chaves:  leishmaniose, leishmaniose mucosa, osteomielite