Perfil epidemiológico da sífilis congênita recente, no Município de Recife, Pernambuco - 2012 a 2017
JÚLIA CALINA 1, JOSÉ RICARDO1, EDUARDA CESAR1, CAMILLA ALVES1, ANA LUISA1, JÉSSICA CORDEIRO1
1. UNINASSAU - Centro Universitário Mauricio de Nassau
CALINAJULIA@YAHOO.COM.BR

A sífilis congênita (SC) é consequência da transmissão do Treponema pallidum, por via placentária, em qualquer fase da gestação, para o feto. Considerada recente quando os sinais e sintomas surgem até os dois anos de idade. Estima-se que, no Brasil, 3,5% das gestantes sejam portadoras da doença e o risco de transmissão vertical encontra-se em mais de 50%. O objetivo desse estudo foi analisar as características epidemiológicas desse agravo, no município de Recife–PE, de 2012 a 2017, através de um estudo transversal, com abordagem quantitativa, de dados obtidos a partir das fichas de notificação epidemiológica, do Sistema Nacional de Agravos de Notificação. A população do estudo foi constituída por todos os casos notificados de SC recente, incluindo óbitos e natimortos, em bebês de até 23 meses, das gestantes residentes de Recife, no período de 2012 a 2017 e avaliados quanto ao número de casos por ano, evolução, acesso ao pré-natal e tratamento do parceiro. No período de 2012 a 2017 foram notificados 2384 casos de SC recente em bebês do Recife, o que representa 36,5% dos casos do Estado de Pernambuco. Do total de casos 2,6% foram a óbito pelo agravo. Além disso, em valores absolutos, respectivamente, foram notificados 234, 348, 373, 474, 425, 530 casos nos anos de 2012 a 2017. Notou-se que, dos 2384 casos, 75,6% tinham realizado pré-natal e que dessas 53,9% não tiveram seus parceiros tratados. Nota-se, então, que a SC recente, apesar de ter seu agente etiológico, modo de transmissão e tratamento conhecidos, ainda persiste como grave problema de saúde pública. A realização do pré-natal, no município, parece não ter assegurado o diagnóstico precoce, de sífilis na gestante, permitindo o tratamento adequado, que evitaria a transmissão vertical da doença. Observou-se, ainda, mais da metade das gestantes que fizeram pré-natal não tiveram seus parceiros tratados, o que pode ocasionar reinfecção. Sendo assim, apesar das limitações, inerentes às pesquisas com fonte de dados secundários, destaca-se a reemergência desse problema, entre as doenças transmissíveis que pareciam ter sido controladas. A partir disso, infere-se a necessidade de ações mais significativas para o controle desse agravo como reavaliação da assistência pré-natal, destacando a qualidade da assistência, para reduzir a transmissão vertical da doença, já que o diagnóstico precoce da infecção materna ainda é a melhor maneira de prevenir a SC.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Sífilis Congênita , Neonatologia