Polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) de genes relacionados a citocinas e associação com desfecho clínico em estudo caso-controle em portadores de doença de Chagas no Estado de Pernambuco, Brasil
LUCIA ELENA ALVARADO-ARNEZ1, ANGELICA MARTINS BATISTA1, SILVIA MARINHO ALVES1, GLORIA MELO1, VIRGINIA MARIA BARROS DE LORENA1, CYNTHIA C. CARDOSO1, ISABELA RESENDE PEREIRA1, CRISTINA CARRAZZONE1, ANTONIO G. PACHECO1, WILSON OLIVEIRA JR1, MILTON OZÓRIO MORAES 1, JOSELI LANNES-VIEIRA 1
1. IOC - Instituto Oswaldo Cruz, 2. PROCAPE/UP - Ambulatório de Doença de Chagas e Insuficiência Cardíaca do Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco , 3. IAM/FIOCRUZ - Instituto Aggeu Magalhães, 4. UFRJ - Laboratório de Virologia Molecular, Departamento de Genética, Universidade Federal do Rio de Janeiro,, 5. PCC/FIOCRUZ - Programa de Computação Científica
joselilannes@gmail.com

A gravidade da cardiomiopatia chagásica crônica (CCC), o desfecho clínico mais frequente da doença de Chagas (DC), tem sido associada à inflamação no tecido cardíaco enriquecida em citocinas e aos altos níveis de fator transformador de crescimento (TGFβ), interferon-gama (IFNγ) e fator de necrose tumoral (TNF) em soro. Por outro lado, o aumento das concentrações de interleucina (IL) -10 em soro tem sido associado à DC assintomática. Polimorfismos em genes de citocinas e genes relacionados a citocinas, como receptores e reguladores, podem controlar a expressão de citocinas e são propostos contribuir para o desfecho clínico da CCC. No presente estudo avaliamos a associação de 13 genes relacionados a citocinas (TGFB: rs8179181, rs8105161, rs1800469; IL10: rs1800890, rs1800871, rs1800896; IFNG: rs2430561; TNF: rs1800629; BAT1: rs3853601; LTA: rs909253, rs2239704; TNFR1: rs767455; TNFR2: rs1061624) com risco e progressão de CCC. Quatrocentos e seis pacientes soropositivos de áreas endêmicas de DC no Estado de Pernambuco, nordeste do Brasil, foram classificados em não-cardiopatas (A, 110) ou cardiopatas (leve, B1, 163; grave, C, 133). Não encontramos evidências de que os polimorfismos estudados nos genes de TGFB, IL10, TNF ou receptores de TNF (TNFR1/2) estejam associados ao risco ou progressão de CCC. Apenas carreadores BAT1 rs3853601-22G (B1 vs. C: OR = 0,5; p = 0,03) e IFNG rs2430561+874AT (A vs. C: OR = 0,7; p = 0,03; A vs. B1 + C: OR = 0,8; p = 0,02) apresentaram associação significativa com proteção ao desenvolvimento da CCC em análise de regressão logística com ajuste para sexo e etnia. No entanto, estas associações desapareceram após realizar ajuste para múltiplos testes. Uma revisão sistemática de publicações em TNF rs1800629 -308G>A em doença de Chagas incluiu cinco estudos para meta-análise (534 CCC e 472 pacientes assintomáticos) e não mostrou consenso em estimativas de OR (odds ratio) para o alelo A ou carreadores A (OR = 1,4 e 1,5; valores p = 0,14 e 0,15, respectivamente). Em pacientes com DC, os níveis séricos de TNF estão aumentados, mas não são afetados pelo alelo TNFrs1800629-308A. Nossos dados sugerem que não há contribuição significativa das variantes gênicas analisadas das moléculas relacionadas às citocinas estudadas para o desenvolvimento/gravidade da cardiomiopatia chagásica, reforçando a ideia de que mais importante do que contribuição da genética do hospedeiro, a interação parasita/hospedeiro seja fundamental para os desfechos da DC.



Palavras-chaves:  cardiomiopatia, citocinas, doença de Chagas, polimorfismo genético