PROTEÍNA P21: UMA ESTRATÉGIA EVOLUTIVA DE Trypanosoma cruzi |
A P21 é uma proteína exclusiva de Trypanosoma cruzi e pode ser secretada por todas as formas evolutivas deste protozoário. Estudos prévios utilizando a forma recombinante da P21 (rP21), demonstraram um espectro de atividades biológicas desta proteína como: atividade pró fagocítica, indução da polimerização do citoesqueleto de actina, quimiotaxia de leucócitos e inibição da formação de vasos sanguíneos. No entanto, o papel da proteína P21 no contexto da infecção pelo T. cruzi permanecia desconhecido. Assim, neste estudo, nós objetivamos demonstrar o papel espécie-específico da proteína P21 na infecção crônica por T. cruzi comparando com a infecção por outro parasito pertencente à mesma família, Leishmania (L.) amazonensis, em modelo experimental in vivo . Para isso, inicialmente, determinamos a estabilidade da rP21 em soro murino para verificar se a rP21 poderia ser utilizada como tratamento em camundongos. A partir disso, infectamos por via subcutânea 4 grupos de camundongos ( Mus musculus , BALB/c), sendo dois grupos com T. cruzi e os outros dois com L. (L.) amazonensis . Os animais foram tratados com rP21 ou PBS a cada 72 horas, ao longo de seis semanas. Após este período, os camundongos foram eutanasiados e as patas, os linfonodos popliteais, os baços e os corações foram coletados para diferentes análises: carga parasitária, análise histopatológica, fibrose, contagem do número de vasos sanguíneos, bem como, dosagem de anticorpos no soro. Além disso, analisamos o ciclo celular de ambos os parasitos na presença da rP21 por citometria de fluxo. Nossos resultados mostram que a rP21 é estável na presença de soro murino, sem prejuízo de suas funções biológicas. Além disso, nos camundongos infectados com L. (L.) amazonensis , a rP21 provocou aumento da carga parasitária nas patas. Por outro lado, no grupo infectado pelo T. cruzi , a rP21 reduziu a carga parasitária, inibiu a angiogênese e aumentou a fibrose no tecido cardíaco. E ainda, a rP21 foi capaz de controlar o ciclo celular das formas replicativas de T. cruzi, o que não ocorreu com L. (L.) amazonensis . Vimos também que a dosagem de anticorpos se manteve estável ao longo das 6 semanas. Assim, a redução da carga parasitária não ocorreu devido a resposta imune humoral. Portanto, n ossos dados sugerem que a proteína P21 tem um papel específico na patogênese da cardiomiopatia chagásica crônica, representando uma estratégia de sobrevivência do parasito no hospedeiro. Apoio financeiro : UFU, CAPES, CNPq. |