ACONSELHAMENTO DO TESTE RÁPIDO ANTI-HIV NA DESCENTRALIZAÇÃO PARA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA |
A descentralização das ações de enfrentamento da epidemia de HIV/Aids para rede de atenção básica vem ocorrendo de maneira progressiva. Dentre as ações, destaca-se a testagem anti-HIV que é concebida pelos profissionais como um procedimento de difícil incorporação à rotina, em especial no que diz respeito ao aconselhamento pré e pós-teste, por se tratar de um processo complexo e dinâmico, dificultando sua implementação. Considerando esse entrave, o objetivo do estudo foi analisar a realização do aconselhamento do teste rápido anti-HIV pelo enfermeiro na estratégia saúde da família. Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva com abordagem qualitativa, realizada nas Unidades de Saúde da Família pertencentes ao Distrito Sanitário III em João Pessoa-PB, com uma amostra de 15 enfermeiros. Para coleta de dados no mês de fevereiro de 2016, utilizou-se u m roteiro de entrevista semiestruturada, posteriormente i nterpretado a partir da Técnica de Análise de Conteúdo que gerou três categorias temáticas: vivência do teste rápido com destaque do componente emocional dos usuários; agendamento do teste como obstáculo para demanda espontânea; e tensão e insegurança dos profissionais diante do resultado positivo para o HIV. A partir dos dados, evidenciou-se que os profissionais vivenciaram a realização do teste em suas unidades, apresentando o componente emocional dos usuários, a exemplo de ansiedade e medo, como fator evidente no momento do procedimento. Os resultados revelam um obstáculo de acesso do usuário para a realização do teste rápido pelo fato dos enfermeiros afirmarem que há agendamento do exame dentro das unidades, não sendo pelo fluxo contínuo da necessidade. Revelou-se, ainda, que o aconselhamento na concepção dos profissionais está voltado para explicar o processo de diagnóstico e preparar emocionalmente o usuário para a descoberta de uma doença estigmatizante e que os enfermeiros não se sentem aptos a comunicar um resultado positivo para o usuário por se sentirem inseguros, o que justifica o fato de não realizarem o exame sozinhos, mas na companhia de outro membro da equipe. Alerta-se para a necessidade de investimentos sobre o profissional para realizar de forma adequada o aconselhamento pré e pós teste, assegurando ao usuário resolutividade da assistência e comprometimento com a educação dialógica da comunidade com seus respectivos fatores de vulnerabilidade. |