VULNERABILIDADE FEMININA E O TESTE RÁPIDO ANTI-HIV NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: ENTRE A OMISSÃO E O RECURSO
ALYNNE CHRISTINNE DA SILVA LUCENA PORDEUS1, JORDANA DE ALMEIDA NOGUEIRA1, SANDRA APARECIDA DE ALMEIDA1, GLAYDES NELY SOUZA DA SILVA1, DÉBORA RAQUEL SOARES GUEDES TRIGUEIRO 1
1. FACENE - Faculdade de Enfermagem Nova Esperança, 2. UFPB - Universidade Federal da Paraíba
deborasgt@hotmail.com

O HIV/Aids atinge atualmente 36,7 milhões de pessoas no mundo. Devido a processos históricos de desigualdade e opressão, alguns grupos, em particular, são atingidos de forma desproporcional. Nos últimos anos, a aids vem se desenhando em torno de mulheres, o que as tornam vulneráveis à epidemia. Mas, apesar da feminização, o teste rápido é ofertado na atenção primária predominentemente pelo programa pré-natal, priorizando apenas as mulheres grávidas. Dessa forma, este estudo teve como objetivo analisar o acesso das mulheres na atenção primária de saúde ao teste rápido anti-HIV. Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva com abordagem qualitativa. Foram entrevistadas 15 mulheres entre 18 e 60 anos que frequentam as unidades básicas de saúde do distrito III de João Pessoa-PB. Para análise das falas, coletadas por meio de um roteiro de entrevista semiestruturado aplicado nos meses de agosto e setembro de 2017, foi utilizado a técnica de análise de conteúdo de Bardin. Os dados empíricos foram agrupados em três eixos temáticos: desconhecimento de informação disponibilizada pela equipe de saúde acerca do teste rápido; a persistência do comportamento de risco e do estigma social e a unidade básica de saúde como local de escolha para realização do teste rápido. Através da pesquisa, percebe-se que existem fatores que dificultam o acesso das mulheres ao teste, como: a falta de informações sobre o exame, situação de vulnerabilidade associada a ideia de contaminação pela promiscuidade e negligência dos profissionais que não oferecem o teste, nem orientam as usuárias sobre os métodos de prevenção ao HIV/aids. Ainda assim, as usuárias relatam que na unidade básica seria o melhor local para a realização do exame, almejam, sobretudo, que o teste seja oferecido neste serviço, evitando um deslocamento ao setor de referência, e que a população seja esclarecida sobre os meios de prevenção e testagem. Identificada as vulnerabilidades, é necessário que os profissionais incorporem a esse público as políticas de cuidado integral da aids, ampliando o acesso ao diagnóstico e orientando no que diz respeito às práticas de prevenção.



Palavras-chaves:  Atenção Primária à Saúde, Diagnóstico, HIV, Mulheres, Vulnerabilidade em Saúde