FATORES GENÉTICOS ASSOCIADOS À SUSCEPTIBILIDADE À HANSENÍASE NO RIO GRANDE DO NORTE
TATIANA KUMMER DA ROCHA PINHEIRO1,2,5, FRANCIANNE MEDEIROS AMORIM1,2,5, ANNY LARYSSA FERREIRA DA SILVA1,2,5, WASHINGTON CANDEIA DE ARAUJO1,2,5, RICARDO VICTOR MACHADO DE ALMEIDA1,2,5, LEONARDO CAPISTRANO FERREIRA1,2,5, CARLOS EDUARDO MAIA GOMES1,2,5, MAURICIO LISBOA NOBRE1,2,5, SELMA MARIA BEZERRA JERONIMO1,2,5
1. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2. IMT-RN - Instituto de Medicina Tropical do Rio Grande do Norte, 3. HGT - Hospital Giselda Trigueiro, Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte, 4. INCT - Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia de Doenças Tropicais, 5. PPGDBQ - Programa de Pós-Graduação em Bioquímica – UFRN, 6. DBF/UFRN - Departamento de Biofísica e farmacologia – UFRN
tatianakummer@gmail.com

Hanseníase é uma doença infecciosa crônica, de evolução lenta, com um amplo espectro de manifestações clínicas, causada por  Mycobacterium leprae. O estado do Rio Grande do Norte possui áreas com altas taxas de detecção, como a cidade de Mossoró, com uma taxa de detecção de 39,73 por 100.000 habitantes em 2012. Após a exposição ao bacilo, cerca de 10% das pessoas evoluem para doença, com apresentações variando do pólo tuberculóide ao pólo lepromatoso. A Organização Mundial de Saúde classifica a doença de acordo com o número de lesões, os casos com até 5 lesões são classificadas como paucibacilares (PB), e os casos com mais de 5 lesões, multibacilares (MB). Um terço dos pacientes desenvolvem reações imunopatológicas, classificadas como tipo I, tipo II e neurite. A evolução pós-infecção com M. leprae é influenciada por fatores ambientais e pelo repertório genético do hospedeiro. O objetivo do presente estudo foi analisar polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) utilizando um array contendo 196.524 SNPs ( Immunochi p) em pessoas expostas ao M. leprae (casos de hanseníase e comunicantes). Os participantes foram caracterizados   a partir da presença de anticorpos anti LID-NDO e apresentação clínica. A quantidade de anticorpos foi mais elevada em casos MB e aqueles com reação do tipo II. Todos os participantes foram genotipados com uso de Immunochip . Para análise dos dados de genotipagem foram considerados: hanseníase vs comunicantes, reação vs não-reação, e taxa de anticorpos anti-LID-NDO. Um total 55 SNPs evidenciaram associação à hanseníase e ao nível de anticorpos. No grupo hanseníase vs comunicantes, 10 SNPs demonstraram associação, sendo 3 relacionados a resposta imune ( FASLG, TNFS18, EBF1 e ICOSLG ), além de um SNP próximo a VDR , cuja proteína está relacionada com imunomodulação associado a vitamina D3 em monócitos, macrófagos e linfócitos ativados. No grupo reação vs não-reação foi observada a associação de 30 SNPs, 20 próximos a genes de susceptibilidade a psoríase, além de um SNP próximo ao gene UBD . Os níveis de anticorpos LID-NDO estava associado a 15 SNPs, um deles relacionado ao gene THEMIS , que codifica uma proteína com papel regulador na seleção de células T. Dentre os 55 SNPs associados a um dos fenótipos, 4 se encontram em regiões codantes. Juntos os dados sugerem que a susceptibilidade à hanseníase e o desenvolvimento de reações hansênicas estão ligados à resposta imune celular e humoral do hospedeiro e potencialmente poderiam ser modulados.



Palavras-chaves:  Eritema Nodoso Hansênico, Immunochip, M. Leprae, Reação Reversa, SNP