FATORES ASSOCIADOS AOS ACIDENTES POR ESCORPIÕES NA BAHIA, BRASIL
ANA CAROLINE CALDAS DE ALMEIDA 1, YUKARI FIGUEROA MISE 1, MARIANA BRITO GOMES DE SOUZA1, LEONARDO LUIS MACHADO SALVI1, REJANE MARIA LIRA DA SILVA1
1. UFBA - Universidade Federal da Bahia
YUKARIMISE@GMAIL.COM

Acidente por escorpião ou escorpionismo é um preocupante agravo de saúde devido à alta incidência e óbitos na Bahia. Sua ocorrência é frequentemente justificada por atitudes individuais que proporcionaram a ampla distribuição e permanência do escorpião no ambiente. Entretanto, este agravo pode apresentar relação com Determinantes Sociais de Saúde de origem socioeconômica, ambiental e ocupacional. Diante deste cenário, buscou-se investigar associação entre fatores socioeconômicas, ambientais e ocupacionais e os casos de escorpionismo na Bahia, notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) durante o período de 2007 e 2014. Trata-se de um estudo de dados agregados cujas unidades de análise foram os municípios da Bahia. O número de casos notificados ao SINAN foi obtido a partir da base de dados do site DATASUS. Variáveis socioeconômicas, ocupacionais e ambientais foram coletadas nos portais eletrônicos: SIDRA/IBGE e CLIMATE-DATA-ORG. Atendidos os pressupostos estatísticos, a associação entre escorpionismo e variáveis supracitadas foi investigada por regressão linear multivariada. Durante os anos de 2007 a 2014, foram notificados 72.079 acidentes por escorpiões na Bahia, perfazendo incidência média de 60,8/100.000 habitantes. Foi registrado aumento deste coeficiente com o passar dos anos, sendo que 232 municípios baianos apresentaram incidência para o escorpionismo superior à média estadual. Neste mesmo período, o município de Ibiassucê (Centro-Sul) registrou maior incidência média (1805,4 casos/100.000 habitantes). O escorpionismo nos municípios baianos apresentou associação estatística (p<0,05) com as variáveis % de mulheres do município que exercem serviço doméstico (β= 35, 65), Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (β= 18,19), índice de distribuição de renda ou THEIL para maiores de 18 anos (β= 2,36), pluviosidade média municipal (β= -0,13), % de domicílios com coleta de lixo (β = -2.34), temperatura média municipal (β = -48,41) e expectativa de anos de estudo (β= -46,72). O escorpionismo na Bahia pode ser explicado por variáveis ambientais e socioeconômicas ligadas à educação, infraestrutura urbana e ocupação doméstica. Os achados desta pesquisa reforçam a influência da determinação social sobre o agravo e se somam às evidências do perfil de pessoas vulneráveis ao acidente, resultante de iniquidades sociais.



Palavras-chaves:  Picadas de Escorpião, Determinantes Sociais da Saúde , Epidemiologia, Sistemas de informação em Saúde, Animais Peçonhentos