ADEQUAÇÃO DA SOROTERAPIA NO ENVENENAMENTO POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NO BRASIL (2007-2015)
LARA BOKER TORRES 1, YUKARI FIGUEROA MISE 1, REJANE MARIA LIRA DA SILVA1
1. UFBA - Universidade Federal da Bahia
YUKARIMISE@GMAIL.COM

O erro no tratamento para pacientes de acidente com animais peçonhentos aponta a ineficiência das políticas públicas e administrativas no treinamento das equipes de saúde e distribuição dos soros antivenenos. Esse estudo avança à medida em que se debruça na dimensão relacionada ao algorítimo de tratamento para pacientes de acidentes com animais peçonhentos definido pela política de organização dos serviços de saúde. O objetivo desse estudo foi estudar o uso da soroterapia específica antiveneno no tratamento do envenenamento por animais peçonhentos no Brasil, no período de 2007-2015. Trata-se de um estudo transversal seriado dos Acidentes por Animais Peçonhentos no Brasil (2007-2015) notificados no SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). A adequação do tipo de soro para o agente etiológico foi estimada a partir das variáveis: tipo de animal e soro aplicado, compondo a variável Tratamento (certo, certo+errado, errado e sem soro). A quantidade de ampolas para a gravidade foi classificada considerando o número de ampolas e o estadiamento (leve, moderado e grave) conforme indicação do Ministério da Saúde. A partir dessas avaliações fez-se a progressão do erro por ano e por região. A sumarização dos dados qualitativos foi feita em porcentagens. No período, foram desperdiçadas 9.703.412 ampolas, todavia o uso de  soro insuficiente aumentou, especialmente para Escorpião (62%) e Aranha armadeira (64%). O erro no tipo de soro por animal foi mais frequente no Sul (96,1% para escorpião), Norte (32,8% para aranha) e Centro Oeste (10,6% para serpente). Em relação ao número de ampolas, destacam-se o Nordeste (26,0% para aranha; 9,3% para serpente) e Sul (9,1% para escorpião). O uso dos soros antiaraneídico (inespecífico) e antiloxocélico foi incorreto em 79,2% e 100,0% das vezes. Para escorpionismo, o uso insuficiente de soro cresceu 72,0%. A clara dificuldade na identificação do acidente para uso do soro correspondente aponta para a necessidade da produção de um soro polivalente no país. Faz-se necessário rever o algoritmo de uso do soro, evitando o desperdício em excesso/escassez. Em paralelo, é urgente o treinamento das equipes de saúde, tanto para a correta definição do tipo de soro quanto para adequação número de ampolas, à gravidade, no envenenamento por animais peçonhentos.



Palavras-chaves:  Soroterapia, Animais Peçonhentos, Sistemas de informação em Saúde, Epidemiologia, Brasil