EXPERIÊNCIA NO ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE FEBRE AMARELA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (ES), BRASIL, 2017 |
A Febre Amarela (FA) é uma arbovirose que classicamente causa febre hemorrágica cujos casos graves alcançam letalidade de 50%. Seu controle exige ações articuladas das vigilâncias de epizootias, casos humanos, entomologia e imunização e logística para demandas assistencial e laboratorial. Objetivo. Descrever a estruturação do ES para ações de controle na epidemia de 2017. Metodologia. Estudo descritivo das ações implementadas pela Secretaria de Estado da Saúde (SESA-ES). Resultados. As epizootias e casos humanos foram notificados em janeiro/17, nos municípios de Ibatiba (sudoeste) e Colatina (noroeste). Foi instituído o Centro de Operações em Emergências em Saúde Pública (COES-ES) com equipe do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, das Vigilâncias Epidemiológica e Ambiental, Imunização, do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde. Nas primeiras confirmações (19/01/17), iniciou-se a vacinação onde havia casos humanos e/ou epizootias e posteriormente em ‘áreas ampliadas’ (municípios vizinhos), alcançando todo o ES em 30 dias. O COES-ES adotou definição de caso ampliada, dispensando icterícia e/ou hemorragia para caso suspeito. Criou-se ficha complementar à do SINAN com dados clínicos-laboratoriais para coleta de dados. As notificações eram diariamente consolidadas e produzidos informes para divulgação. As vigilâncias entomológica e ambiental municipais foram capacitadas para controle vetorial e captura de primatas não-humanos (PNH). Houve treinamentos para detecção de casos, conduta clínica e coleta de exames. No hospital de referência foi criada enfermaria e leitos em UTI para os graves. O encerramento dos casos era feito em comitê médico da vigilância. Houve parceria com a Universidade Federal do ES na investigação de epizootias. Conclusões. O apoio externo foi essencial para ações oportunas. A análise sugere falha na detecção de epizootias (normalmente precedem os humanos). A vacinação maciça, organizada agilmente foi eficaz. O treinamento da vigilância e assistência, aliado à definição de caso, proporcionou maiores detecção de formas leve/moderada e rapidez na assistência aos graves, resultando em menor letalidade quando comparado com outras regiões. A imunização e controle vetorial em áreas urbanas certamente ajudou a evitar a reurbanização da FA. O ES logrou êxito na epidemia com rápida resposta, levando a desfecho mais ameno entre humanos que com PNH, onde inexistem medidas de prevenção. |