AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE PONTUAÇÃO COMO REFERÊNCIA DIAGNÓSTICA DE TUBERCULOSE INFANTIL |
A tuberculose (TB) é uma doença ainda muito prevalente no nosso meio e uma importante causa de morbimortalidade no Brasil e no mundo. Especialmente entre crianças, seu diagnóstico permanece um desafio, já que se apresenta sob a forma paucibacilar e é difícil a obtenção de material para confirmação diagnóstica. No Brasil, em 2002, foi preconizado o escore clÍnico (EC) para diagnóstico de TB pulmonar (TBP) na infância, o qual se baseia em critérios clínicos, radiológicos, prova tuberculínica (PT), história de contato e nutricional. Este estudo tem como objetivo avaliar a relação da pontuação obtida no EC com o diagnóstico definitivo de TBP (cultura microbiológica e/ou reação em cadeia da polimerase - PCR). Trata-se de estudo de corte transversal com participantes de zero a 19 anos, atendidos em cinco centros de referência em TB pediátrica no estado do Rio de Janeiro no período de setembro de 2014 a janeiro de 2018. Foram avaliados 33 pacientes, dos quais 24 eram crianças (menores de 10 anos) e 9, adolescentes (acima de 10 anos, negativos à baciloscopia). Entre eles, 17 (51,5%) realizaram cultura e/ou PCR, e cinco destes (29,4%) tiveram TB confirmada, com os seguintes resultados de escore: um com 30, dois com 45 e dois com 55 pontos. Treze (76,5%) dos 17 participantes obtiveram pontuação ≥ 40 pontos na avaliação do escore, e quatro deles (30,8%) obtiveram confirmação do diagnóstico. Do total de participantes, quatro eram infectados pelo HIV, e nenhum teve diagnóstico de TB confirmada (cultura e/ou PCR positivos). Três obtiveram pontuação acima de 35 pontos no escore, enquanto um participante teve a pontuação total de 25 . Tal pontuação baixa se justifica pelo fato de que, com o resultado falso negativo da PT, a pontuação total do escore pode ser menor nos casos de coinfecção TB/HIV. Dos participantes com pontuação de EC ≥ 40 e que realizaram cultura e/ou PCR, somente 38,5% tiveram a confirmação da TB. Observa-se que a infecção pelo HIV pode interferir na pontuação, com resultado falso negativo da PT, o que reduz a pontuação do EC. Assim, mesmo quando o resultado de cultura e/ou PCR é negativo, não se pode excluir o diagnóstico de TB em crianças, corroborando o emprego do EC nessa faixa etária. Nos pacientes pediátricos, sobretudo na rede básica de saúde, a avaliação clínico-radiológica, a história de contato com TB do paciente e o resultado da PT, permanecem critérios para diagnosticar e iniciar o tratamento da doença. |